As birras e os choros de uma criança são a expressão das suas emoções, manifestação do desejo ou uma espécie de negociação. A birra é a forma de se comunicar, uma vez que a criança não consegue argumentar ou compreender a necessidade de se enquadrar em determinadas condições.
Adultos que não conseguem lidar de forma madura com as frustrações viram pessoas birrentas que tentam, através desse comportamento, fazer valer suas vontades; esse é o objetivo da birra.
Podemos perceber essas atitudes em alguns comportamentos, como:
1- Chantagem emocional: imputar culpa no outro para conseguir que seu desejo seja satisfeito. Uma manipulação muito comum que revela, além de imaturidade, egoísmo.
2- Duplo padrão moral e comportamental: isso significa mudar as regras quando o prejudicado sou eu. Há um conceito herdado do esporte que usa a expressão: Fair Play (traduzido literalmente do inglês para o português jogo justo). O conceito está vinculado à ética, em que os participantes devem manter a forma justa de jogar não cometendo nenhum ato proposital que venha a prejudicar os demais. Quem se relaciona sem o conceito de “fair play”, além de estar competindo, usa a forma suja para conseguir o que quer.
3- Ficar com raiva e parar de conversar: a psicologia adotou o termo agressão passivo-agressiva, para descrever a pessoa que expressa a raiva de maneira silenciosa. Quando algo frustra ou desagrada, ao invés de verbalizar de forma transparente, opta por esconder a raiva num comportamento “fechado” de silêncio, mau humor, sacarmos, ironias e indiretas. Na fala popular é aquela pessoa que “emburra”. Há quem use desse mecanismo para se relacionar, deixando o clima constantemente pesado. Com isso, o outro acaba cedendo, até sua paciência suportar.
4- Sabotar o outro: deixar de fazer algo para que o outro sofra a consequência. Uma vingança infantilizada que tira a qualidade de qualquer relacionamento.
5- Orgulho: ocorre quando uma pessoa não quer dar o “braço a torcer” e, com isso, fica estagnado na condição de briga para não ter que ser a pessoa que dá o primeiro passo. Há uma associação com orgulho ser pertinente a pessoas fortes, quando na verdade é exatamente o contrário. Forte é quem, desprovido de entraves emocionais, consegue se posicionar no intuito de resolver a situação. O orgulhoso é como uma criança mimada que mesmo tendo feito a bagunça se sente merecedora de receber a “mão na cabeça”.
Quando o choro barulhento da criança dá lugar às birras silenciosas dos adultos, há um considerável rebaixamento da qualidade nas relações. A vida adulta nos convida a uma atualização psíquica e isso implica nas nossas atitudes, comportamentos e eliminação de qualquer tipo de birra.