Nossos pensamentos, por natureza, são caóticos e intrusivos, chegam sem ser convidados e se instalam de forma desordenada. Não bastasse isso, quando encontram um ambiente estimulado pelo medo e insegurança, viram pensamentos negativos e/ou catastróficos nos impedindo de fazer o que realmente queremos e ainda nos deixam sentindo culpa. Todo esse fluxo não só paralisa o indivíduo como vira um looping mental perturbador e gerador de ansiedade.
Vivemos cultivando esse esquema cerebral uma vida inteira e quando não aguentamos mais, buscamos ajuda externa. Uns na religião, na medicação, alguns preferem uma terapia convencional ou alternativa. Tudo que trouxer uma contribuição real é válido nesse processo de evolução. Todavia, independentemente do método, sempre será preciso o nosso trabalho interno e este eu considero o mais importante deles.
Certa vez perguntaram para um sábio como ele fazia para manter a mente forte e saudável frente aos inúmeros desafios da vida, e ele respondeu com a seguinte reflexão:
Dentro de mim habitam dois cachorros: um dócil e manso, o outro bravo e agressivo, e ambos vivem brigando.
E alguém o pergunta: quem ganha essa luta?
O sábio, com toda serenidade, responde: aquele que eu alimento mais.
Numa análise mais profunda, conseguiremos facilmente chegar à conclusão que alimentamos muito mais o “cachorro bravo”, ou seja, o medo e a insegurança. Não é à toa que estamos sempre cogitando hipóteses de algo dar errado e, muitas vezes, recuamos antes mesmos de tentar.
Quando deixamos de seguir por medo, fazemos um “gol contra” em nosso próprio time e com isso temos nossa autoestima rebaixada, pois internamente nos julgamos fracos e derrotados. Isso nos abre outra porta: a da inveja de quem tem coragem de enfrentar.
Interromper esse ciclo requer a mudança do esquema mental tão fortemente instalado. Apesar de simples, a luta é intensa, mas, por outro lado, a chance de vencermos está em nossas mãos.
O processo para melhorar a qualidade de vida emocional implica em prestar atenção às interpretações instantâneas da mente que são conhecidos pela sigla PAN - Pensamento Automático Negativo, que ocorre da seguinte forma: pensamento - emoção - ação.
1- Pensamento automaticamente interpretado sob as hipóteses do medo.
2- Emoção: há uma resposta emocional de angústia.
3- Ação: agimos recuando (deixando de fazer o que queremos), ou com agressividade e nervosismo, ou desenvolvendo a persona controladora (fonte interminável de ansiedade).
Os PANs abrem caminhos neurais muito sedimentados, por isso são tão automáticos. Precisamos não alimentá-los, ou seja, não “entrar” no pensamento cogitando as possibilidades ruins. Não quero, com isso, dizer que devemos ter pensamentos pueris de positividade, mas é preciso, ao menos, se manter num ponto neutro. Entender que o pensamento negativo é um padrão adoecido e autodestrutivo e que para alcançar a serenidade precisamos de uma nova forma de pensar. É preciso se esforçar.