Simone DemolinariPsicanalista com Mestrado e dissertação em Anomalias Comportamentais, apresentadora na 102,9 e 98 FM

Como manter o bem-estar mental

Publicado em 11/01/2024 às 06:00.

Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), saúde é “um estado de completo bem-estar físico, mental e social e não somente ausência de afecções e enfermidades”, e saúde mental é “um bem-estar no qual o indivíduo desenvolve suas habilidades pessoais, consegue lidar com os estresses da vida, trabalha de forma produtiva e encontra-se apto a dar sua contribuição para sua comunidade”.

Em ambas  definições, é contemplado um estado de “bem-estar mental”. Mas, afinal, como saber se temos esse bem-estar? 

Penso que um bom medidor pode ser a estabilidade emocional. Há pessoas que só se sentem bem quando o ambiente externo está bom. Ou seja, as questões externas comandam os sentimentos e as sensações internas: se as coisas vão bem, fico bem; se as coisas vão mal, fico péssimo. Viver dessa forma é estar à mercê das emoções, fadado a levar a vida como uma verdadeira montanha russa emocional. 

Certamente somos vulneráveis às questões da vida que podem alterar sobremaneira nosso estado emocional. Se estamos com um filho no hospital, por exemplo, podemos nos sentir tristes, preocupados e ansiosos, contudo é possível conduzir situações difíceis sem perder a saúde mental. Nos manter estáveis frente às adversidades da vida é grande sinal de força. 

Há quem viva no limite das emoções e quando acontece algo, por menor que seja, se sente infeliz. Certa vez ouvi de alguém que estava em busca de um emprego dizer que quando fez o segundo processo seletivo e não passou entrou em depressão profunda e não queria mais viver. Histórias como essas não são incomuns. É como se não houvesse nenhuma reserva emocional. Ao contrário: já estava com o “cheque escola” acionado e qualquer ocorrência levaria à falência.


Viver dessa forma limítrofe é um indício de que a saúde mental não vai bem, e para mudar esse cenário é preciso um trabalho de construção, que nem todos estão dispostos a fazer, pois construir dá trabalho e requer esforço. Fazer terapia e tomar medicação não garantem o êxito, pois são recursos externos. É preciso uma mudança de dentro para fora, e pequenas alterações podem gerar poderosos resultados, tais como: parar de reclamar e trazer para si a responsabilidade de alterar aquilo que for possível e aceitar o que não estiver ao alcance; deixar de ser vitimista (pobre de mim, sofro mais que todo mundo); parar de se sentir credor da vida como se o mundo tivesse uma dívida a ser paga e ainda não o fez; parar de se comparar com a realidade dos outros; ser otimista; executar e não procrastinar e cuidar bem da saude física, pois sabemos o poder do corpo são para a mente sã. 

Apesar de não existir receita de bolo, essas mudanças são significativas no impacto que causam no bem-estar mental. Afinal, viver implica em saber lidar diariamente com as complicações e instabilidades da vida. 

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