Simone DemolinariPsicanalista com Mestrado e dissertação em Anomalias Comportamentais, apresentadora na 102,9 e 98 FM

Como se recuperar emocionalmente após uma dificuldade?

Publicado em 10/08/2023 às 06:00.

Ao vivenciarmos uma perda, seja por luto, rejeição, frustração ou traição, precisamos criar mecanismos para restaurarmos tanto nossa saúde mental quanto nosso bem-estar emocional. Nesse intuito, algumas pessoas lançam mão de artifícios autodestrutivos, como álcool, drogas e consumismo, e fazem coisas além de suas possibilidades, o que no fundo só agrava o problema.

Embora a “anestesia" nos pareça favorável, o que nos ergue do limbo emocional são as atitudes autoconstrutivas, como atividade fisica, boa noite de sono, alimentação saudável e acolhimento afetivo, como, por exemplo, bons amigos e boas relações.

Cultivar amizade faz toda diferença em nossa vida. Aqui podemos falar em dois tipos de amizade: o primeiro seria os amigos confiáveis, que estão juntos tanto na alegria quanto na tristeza, dispostos a uma troca boa. E o segundo seria a amizade menos profunda, mas igualmente agradável, onde se pode dividir bons momentos e companhias.

Tão importante quanto os amigos é a família. Porém, infelizmente, nem todas as pessoas podem contar com essa base de apoio. Muitas vezes vêm exatamente da família as maiores dores e a sensação de abandono. Mas, quando damos a sorte de ter uma família que nos promove um alicerce, somos menos “machucados” pela vida e portanto nos formamos pessoas mais equilibradas, dóceis e fortes emocionalmente. Apoiar-se na familia nos momentos difíceis nos faz pessoas mais fortes e seguras. 

Outra fonte de renovação é o trabalho, mas nem sempre conseguimos trabalhar com aquilo que amamos. Mas precisamos amar aquilo que fazemos, caso contrário o trabalho se tornará apenas fonte de estresse e insatisfação. O trabalho é um pilar tão importante que deveríamos buscar, com afinco, uma atividade que seja prazerosa.

É no trabalho que passamos a maior parte do tempo de nossas vidas, que exercitamos nossa disciplina, que domesticamos nossa agressividade, que tiramos nosso sustento e que nos orgulhamos de nossas conquistas. É também por meio dele que compensamos nossas emoções e ocupamos nossa mente quando a vida não vai bem ou quando nos sentimos tristes ou frustrados.

É importante pontuar que o trabalho tanto pode ser um pilar de sustentação quanto pode ser estímulo para desmoronarmos. Um exemplo disso é a Síndrome de Burnout, um esgotamento mental originado do trabalho. Portanto, precisamos conduzir de maneira responsável, conciliando a parte financeira e a saúde física e mental. 

Outra fonte de distração mental muito eficaz e reparadora são os hobbies e as fontes de lazer. Ter alguma atividade que seja fonte de prazer pode fazer toda diferença. Isso inclui leitura, dança, gastronomia, música, gosto por algum instrumento, trabalhos artesanais e jardinagem, entre inúmeros outros prazeres que muitas vezes não requerem dinheiro, mas busca e experimento. Muitas pessoas se recuperam de quadros depressivos quando encontram prazer em alguma atividade nova. 

E, por fim, não poderia deixar de citar a importância da fé nesse processo de reconstrução emocional. O bem-estar psicológico promovido pela fé é um pilar de sustentação comprovado. 
Ninguém está imune a sofrer as dores da vida, contudo a reconstrução emocional está ao alcance de todos, e na maioria das vezes, não requer recursos financeiros.

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