“O isolamento e o relacionamento são duas dimensões analíticas. Não saber lidar consigo mesmo é, para muitas pessoas, assustador. Por outro lado, seguir os parâmetros familiares é trocar a mãe por uma esposa, o pai por um marido e os amigos por filhos. Para alguns, é esplêndido. Para outros, um desastre”. W.N.
É incrível como que, nos dias de hoje, ainda exista preconceito em relação às pessoas que optam por ficarem solteiras. Há uma ideia de que, se alguém não se casou, ou tem “algum problema” ou é homossexual. Isso precisa ser repensado.
A dinâmica da sociedade mudou. O casamento, que antigamente era algo quase obrigatório, não é mais. E sem o peso da pressão social, ficou cada vez maior o número de pessoas que optam por viverem solteiras.
Infelizmente, muita gente ainda não evoluiu a forma de pensar e julgam os solteiros como fracassados emocionalmente. Ainda parece estranho para muitos pensar que alguém não se casou por opção. Há uma espécie de espanto, como se não houvesse outra forma de ser feliz sem ser acompanhado.
Esse espanto pode ser observado, por exemplo, na reação das pessoas quando ficam sabendo que alguém irá viajar sozinho. A primeira coisa que vem em mente é uma espécie de pena, considerando que será uma viagem sem graça e triste. Forma-se uma imagem de uma pessoa solitária, que não dispõe de amigos, cônjuge ou filhos para a acompanhar.
De fato, há pouca possibilidade dessa viagem ser boa, sob o julgo daquele que não consegue ser feliz viajando sozinho. Mas essa não é a realidade dos que optam por viver assim.
Tudo que sai do senso comum costuma ser visto de forma estranha. Isso também ocorre quando a pessoa é mais reservada e prefere uma vida mais solitária. Geralmente são pessoas que não acham graça nas opções de lazer de que a maioria gosta, não curtem festas nem comemorações em geral. Acham a música alta, não gostam de gente bêbada, se incomodam com o desconforto de ficar de pé e não têm paciência para a “conversa fiada”.
Preferem viver recolhidos, não por tristeza, mas por falta de interesse da agitação social. Estes, por vezes, são vistos como “estranhos” aos olhos daqueles que não conseguem conceber felicidade além do seu próprio comportamento.
A ideia de que o solteiro é infeliz deriva da nossa cultura casamenteira que convencionou que só há felicidade na vida a dois. Mas, se isso fosse verdade, todos os casados estariam felizes.
Pensar que pessoas solteiras são problemáticas, além de preconceito, é uma forma limitada e generalista de pontuar a questão. É preciso considerar que muitos estão solteiros por excesso de qualidade e não por falta dela.
Ser solteiro não é sinônimo de uma vida solitária e infeliz. Muito pelo contrário, é uma condição invejada por muitos mal casados.