Assim como uma família unida pode ser a base de tudo, o contrário também pode ser desastroso. É da família que vem nossas maiores dores e traumas.
Pais ausentes ou excessivamente críticos, deixando a sensação de que o filho nunca é bom o suficiente, ou irmãos desunidos que parecem mais rivais que amigos. O fato é que a hostilidade no ambiente familiar não é algo difícil de acontecer; as relações podem ser conflituosas e o fato de ser intimo pode favorecer o nascimento da mágoa.
Uma vez sentida a dor advinda dos mais próximos, muitos optam por se afastar, às vezes fisicamente, mas na maioria delas, emocionalmente.
Os laços sanguíneos não significam automaticamente laços de amor. Este tem que ser sentido através da construção retroalimentada de afeto e demonstrações contínuas de carinho, que nem sempre os familiares estão dispostos a ter.
Quando nos deparamos com o cenário de desunião familiar, tendemos a nutrir sentimentos que sabotam o amor, como raiva, mágoa, ressentimentos. Nessa hora, uma grande sensação de solidão é estabelecida. O pensamento que fica é: não tenho ninguém com quem contar. Essa constatação é muito penosa e merece ser entendida com mais profundidade.
Nem sempre nossos familiares estarão prontos para nos ajudar nos embates da vida, às vezes por falta de vontade, mas, na maioria dos casos, por mera incapacidade. Culpabilizar a pessoa por não ser da forma que gostaríamos que ela fosse ou que achamos que ela deveria ser, além de não resolver o problema, ainda demonstra uma grande preocupação com os interesses próprios. Se alguém da nossa família não nos estendeu a mão, isso não pode fazer de nós um credor autorizado a culpabilizar e endividá-lo eternamente pelo que ele não fez.
Enquanto adultos, precisamos sair da condição de credores e nos responsabilizar pela nossa própria vida sem procurar culpados para nossos fracassos ou solidão.
Libertar o outro dessa suposta dívida é o caminho para ficarmos livres também. Aqui está a grande questão; muitas pessoas temem essa libertação, pois acabariam as justificativas confortáveis para se apoiarem: é muito mais fácil culpar os pais pela precariedade emocional do que assumir as próprias questões.
Aos que buscam encontrar o equilíbrio, qualidade de vida emocional e boa saúde mental, perdoar e libertar os familiares é o caminho para a cura. Não há nada que tenha ocorrido na biografia de uma pessoa que não possa ser ressignificado e superado.