Simone DemolinariPsicanalista com Mestrado e dissertação em Anomalias Comportamentais, apresentadora na 102,9 e 98 FM

Nossa felicidade tem a ver com nossas condutas

Publicado em 22/08/2024 às 06:00.

“Tenho tudo para estar bem e feliz e não estou”, essa é uma frase que ouço recorrentemente no consultório. Tudo em sua vida vai bem: emprego, família, saúde, conquistas materiais, amizades, e mesmo assim não se está satisfeito.

Mas, afinal, onde está essa tão almejada felicidade?

Primeiramente é importante definir alegria e felicidade. Estar alegre é algo que ocorre “para fora”, ou seja, na nossa forma de comportar. Conseguimos perceber nitidamente a alegria de uma pessoa na euforia que ela expressa. Pessoas alegres estão visivelmente pulsantes: dançam com mais energia, falam alto, abraçam forte, dão risadas, comemoram, vibram. E o interessante é que esse comportamento pode ocorrer mesmo que o indivíduo esteja infeliz. Sim, porque o contrário de felicidade é infelicidade, e de alegria é tristeza. São dois fenômenos distintos. 

A felicidade é algo que ocorre “para dentro” e tem a ver com bem-estar. Não percebemos um comportamento eufórico da felicidade, visto que ela é serena e interna; ocorre no mundo interior e tem forte ligação com o sentimento de paz de espírito e satisfação com a própria vida (não a que está ligada às conquistas, mas sim a que está ligada às condutas). Por isso é certo afirmar: só se encontra feliz o indivíduo que está satisfeito consigo mesmo, como age frente à vida, isso inclui forma de se posicionar, disciplina, e, sim, conquistas subjetivas derivadas dos hábitos. 

Somos estimulados socialmente a pensar que a felicidade está associada ao dinheiro: quanto mais rico e bem sucedido, mais feliz. Mas isso não é verdade! É claro que recursos materiais são importantes e não podem faltar, sem eles não conseguimos tranquilidade para nos conferir serenidade. Mas isso não significa que tê-lo em demasia garanta tais sentimentos. Talvez o ditado popular “dinheiro não traz felicidade” ficasse melhor da seguinte forma: “dinheiro não garante felicidade”. 

Para tentarmos degustar a completude interior precisamos conquistar algumas questões de base: 

Cuidar da parte física

Mente e corpo estão conectados num só fluxo. Mas o cuidado físico vai além do objetivo de manter-se saudável; tem a ver com disciplina, satisfação com o próprio corpo, cuidar bem de si próprio, vencer a preguiça e se sentir orgulhoso disso. Quem se ama cuida bem de si e isso contribui para a sensação de felicidade. 

Conseguir ter um fluxo mental positivo e otimista e aliar isso à realização prática 

Pessoas que realizam aquilo que idealizam se sentem muito mais felizes do que aquelas que ficam somente no plano mental ou num positivismo que não tem senso prático. Idealizar e não realizar gera frustração, algo oposto à sensação de felicidade. 

Solucionar os problemas ao invés de procrastinar

A procrastinação boicota a felicidade, visto que ela é fonte geradora de ansiedade. Pessoas felizes resolvem as pendências e não empurram a poeira para debaixo do tapete. 

Essas e outras condutas comportamentais irão construir a satisfação pessoal, que em termos de gratificação não há dinheiro que pague. Como nos resume o filósofo Schopenhauer: “A nossa felicidade depende mais do que temos nas nossas cabeças do que nos nossos bolsos”. 

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