Conviver com uma pessoa negativa é tarefa árdua. Elas carregam consigo o pessimismo como estilo de vida e, por mais que a situação seja favorável, nunca é o bastante. . Vivem a tragédia imaginada, assim como no desenho animado clássico de Hanna-Barbera, onde a hiena Hardy vivia na lamentação: “Ó vida, ó céus, ó azar, isso não vai dar certo”.
Mas nem sempre o pessimismo é escancarado, muitas vezes ele pode ser sutil e se manifestar de três maneiras diferentes: negatividade, reclamação e crítica.
Na negatividade o indivíduo vive do expediente de fazer apologia ao azar. Considera toda e qualquer manifestação de otimismo como imaturidade que deve ser derrotada. Dá logo um jeito de “abrir os olhos” de quem está feliz e lhe mostrar o lado ruim da coisa. Pedir opinião para essas pessoas pode ser desanimador visto que elas sempre consideram que o pior está por vir. Certa vez presenciei uma situação insólita: um rapaz diagnosticado com tumor convidou quatro amigos para compartilhar a notícia. Seu intuito era receber solidariedade e apoio dos seus companheiros. Todos ficaram muito consternados e verbalizaram mensagens de ânimo e superação, menos um: o pessimista, que disse a seguinte frase: “Se eu fosse você não ficava muito confiante nesse tratamento, não. Tive um tio exatamente com essa doença que fez de tudo para curar e morreu em um mês”. A negatividade é assim, impiedosa. Não leva em consideração a fragilidade, a tristeza, nem mesmo a alegria do outro sem despejar sua dose de veneno.
Outra característica intrínseca do pessimista é a reclamação. Nada para ele está bom. Pode estar no melhor lugar do mundo, num dia ensolarado com a vista mais deslumbrante, que sempre identificará um aspecto negativo. São incapazes de desfrutar da satisfação plena. Ora a música está alta, ora falta a música; ora o sol está quente, ora está nublado; ora tem gente demais, ora faltam pessoas interessantes. A insatisfação não é só sentida como também verbalizada, enfatizada, repetida e “bufada” através de suspiros que evidenciam total descontentamento. Na falta do que reclamar, reclamam de si, passando de vilões à vítimas.
Criticar é mais um comportamento das pessoas negativas. O crítico nunca considera o outro de igual para igual, ao contrario, se vê sempre acima dele. Uma superioridade conferida através da depreciação alheia. Existem dois tipos de críticos: o primeiro é aquele que mais acertou do que errou na vida, sobretudo no campo profissional. Com isso sente-se no direito de achar feio tudo que não é espelho. E o segundo é aquele que julga o outro pelo mesmo crime que ele comete. É o famoso sujo falando do mal lavado.
Pessoas negativas têm sempre a habilidade de criar um clima de insegurança, medo e desânimo para seus convivas. Só saem ilesos da sua presença aqueles que dispõem de serenidade búdica e autoestima inabalável. Na falta dessas características fica a opção da “distância de segurança”. E não me refiro à distância física, visto que nem sempre é possível, mas sim a emocional, a mais importante delas.