Ao contrário do que prega a sociedade, não é beleza física nem bens materiais que garantem o índice de felicidade de alguém. Se assim fosse, pessoas nessa condição não teriam problemas. Diz uma citação do filósofo Shopenhauer: “A nossa felicidade depende mais do que temos nas nossas cabeças do que nos nossos bolsos”. É o que penso também.
O mundo é mental. Adoecemos pelo que alimentamos em nossa mente, e nos curamos pelos mesmos motivos. Um exemplo: nossos medos, em sua maioria, são criações da nossa mente a serviço de tirar nossa paz. Numa análise mais profunda, podemos dividir o medo em duas categorias: útil e inútil. O primeiro ocorre quando o que sentimos nos faz tomar medidas preventivas que atenuam riscos reais - se tenho medo de perder o horário, coloco um alarme para me lembrar. Nesse caso, o medo desencadeou uma ação prática. Já o medo inútil está a serviço de nada a não ser promover preocupação, estresse, pensamentos catastróficos e gerar ansiedade.
O curioso é que, mesmo sabendo disso, perdem-se horas adubando a imaginação. Isso ocorre porque esse tipo de pensamento é altamente viciante e o efeito “bola de neve” faz com que a pessoa permaneça horas do seu dia no devaneio.
Se as pessoas soubessem os malefícios dos pensamentos negativos não passariam tanto tempo cuidando deles como um pet de estimação. Sim, eles só tomam grande dimensão porque os ajudamos a crescer. Somos os principais responsáveis pelo que nutrimos em nossa mente.
É verdade que os pensamentos têm uma natureza intrusiva, chegam sem pedir licença, porém a amplificação deles está sob nossa responsabilidade. Nossa mente sintoniza pensamentos assim como as ondas do rádio tocam músicas. Não fomos nós que as escolhemos, contudo a opção de aumentar o som ou mudar de estação está em nossas mãos. Seria um masoquismo continuar ouvindo aquilo que nos desagrada.
A pergunta que surge é: por qual razão nutrimos tantos pensamentos ruins em nossa mente?
Algumas razões:
- Aprendemos este modelo dos nossos pais, que por vezes também sofriam com medos irreais e acabaram ensinando aos filhos essa forma de agir.
- Crença que nutrir pensamentos de medo pode deixar a pessoa mais protegida, caso algo de ruim venha a se concretizar. É uma forma de controle.
- Vício em pensamento negativo, que faz com que o indivíduo valorize muito mais a pequena possibilidade frente às demais.
- Vitimismo como maneira de ganhar mais atenção e, portanto, ter a aflição atenuada pelo acolhimento de terceiros.
- Masoquismo. Por mais que pareça estranho, é muito comum sentir prazer na dor. O gosto por sofrer não é fácil de ser compreendido, pois traz consigo uma trama mental sofisticada que dificulta a percepção da realidade.
A capacidade de mudar depende de estar realmente disposto a se desconectar do sofrimento. Muitos falam que querem, poucos tomam atitudes compatíveis à mudança. O que mais vejo são pessoas agarradas em seus pensamentos de dor, como se fosse um membro do corpo. Quando pensam na possibilidade de abandoná-lo, sentem como se estivessem amputando uma parte de si. Os que verdadeiramente desejam alçam passos largos de libertação. Vale a pena tentar.