Sempre que nos deparamos com notícias sobre pessoas que furtam objetos, ficamos sem entender de fato o que faz uma pessoa agir assim, sobretudo quando se trata de pessoas famosas ou celebridades. Apesar de ser uma doença que nem sempre é descoberta, ela ocorre muito. Estou falando da Cleptomania, uma patologia psiquiátrica difícil de ser compreendida e que gera muita curiosidade, principalmente acerca do porquê desse comportamento.
O fato é que não há uma explicação lógica. Nem mesmo o próprio indivíduo portador do transtorno saberá explicar o motivo do roubo. Na verdade, ele é guiado pelo impulso irresistível e involuntário, muito maior do que sua capacidade de resistir, daí a inclusão dessa doença nos Transtornos do Controle dos Impulsos.
Geralmente, após furtar um objeto, o cleptomaníaco sente imediatamente um misto de prazer e alívio, mas logo em seguida vêm a culpa e a tristeza. A manifestação da doença acontece da seguinte forma: num primeiro estágio, antes do ato, existe uma atmosfera de tensão, uma ansiedade e um clima de medo. Num segundo momento, logo após o furto, a tensão dá lugar ao prazer, um prazer que sacia gerando bem-estar e calma. No terceiro e último estágio vêm a culpa e o arrependimento. Se sente tão envergonhado que mesmo não confiando muito em si promete nunca mais repetir o ocorrido.
Muitas pessoas, reconhecendo a incapacidade de resistir ao furto, param de conviver em sociedade, trancam-se em casa ou solicitam a um parente que saia em sua companhia visando inibir o desejo. Elas sabem que períodos de maior stress aumentam a própria vulnerabilidade.
O ponto interessante é que geralmente os objetos roubados não são de grande valor monetário, embora isso não seja uma regra invariável. Muitas vezes o cleptomaníaco rouba algo que nunca terá utilidade, como um brinco quebrado, batom usado, pote de creme, uma caneta, adornos de casa ou um objeto de valor emocional.
É importante considerar a diferença entre ladrões e cleptomaníacos. Em termos absolutos, ambos furtam objetos, mas por motivações diferentes. Um o faz deliberadamente, visando ao valor do bem roubado. Há uma clara intenção financeira. Já o outro é portador de uma doença mental; o furto não objetiva lucro e tampouco lhe falta consciência moral. Para se ter uma ideia, estima-se que menos de 5% dos roubos em loja estejam ligados à cleptomania.
Pessoas com esse transtorno dificilmente buscam ajuda. Por ser o roubo algo condenado socialmente, sentem muita vergonha de cometerem ato ilícito. Costumam buscar tratamento queixando-se de depressão ou ansiedade e omitindo o ponto principal.
Não é impossível identificar o portador de cleptomania pela aparência: ele é uma pessoa comum, às vezes de alto poder aquisitivo. Há um ditado que diz “a ocasião faz o ladrão”, considerando que todas as pessoas trazem dentro de si o instinto de roubar e só não o fazem por falta de oportunidade. O que não é verdade. O ideal seria adaptar o dito popular para “a ocasião revela o ladrão”, seja ele por doença ou por índole.