No dicionário, encontramos a definição de dependência como sendo o estado de quem depende: obediência, servidão, submissão, subordinação. Uma descrição resumida e suficiente para descrever a escravidão a qual um dependente se sujeita.
Essa subserviência é bem percebida quando se manifesta no campo objetivo, como, por exemplo, cigarro, bebida, drogas. Mas, fica muito mascarada quando se manifesta no campo do amor. Até aonde vão o sentimento e a generosidade embalados no nobre ato de amar, e onde começa o indigno comportamento de depender?
Muitos, sobretudo os dependentes, não conseguem responder a essa pergunta. Isso porque amar é depender em alguma medida, mas, difere do que chamamos de “dependência emocional”.
Abaixo um trecho de um importante texto de Walter Riso, chamado “A dependência é um vício”.
“Depender da pessoa que se ama é uma maneira de se enterrar em vida, um ato de automutilação psicológica em que o amor próprio, o autorrespeito e a nossa essência são oferecidos e presenteados irracionalmente. Quando a dependência está presente, entrega-se mais do que um ato de carinho desinteressado e genuíno, é uma forma de capitulação, uma rendição conduzida pelo medo com a finalidade de preservar as coisas boas que a oferece. Sob o disfarce de amor romântico, a pessoa dependente afetiva começa a sofrer uma despersonalização lenta e implacável até se transformar num anexo da pessoa amada, um simples apêndice”.
Apesar de se levar em conta um possível abandono emocional por parte dos pais, a origem desse comportamento não é totalmente mapeada, mas seu comportamento é facilmente identificado:
Acreditam que o sucesso da relação está nas suas mãos, com isso, são empenhados em fazer tudo dar certo.
Vivem contornando problemas, “meiando” ou assumindo culpa, disfarçando descontentamento, tudo em prol da relação.
Se esforçam mais do que poderiam.
Os dependentes são chamados de codependentes, pois são dependentes dos que dependem deles. Ou seja, os dois são mutuamente dependentes.
São pessoas com forte traço obsessivo. Isso dificulta aceitar a realidade, pois a obsessão faz a pessoa acreditar que o controle da situação depende de sua atuação. Um equívoco típico da dependência afetiva.
Conduzem seus relacionamentos de forma doentia, pautados no controle. Quando ocorre um término, vêm à tona sintomas similares aos da abstinência do uso de drogas.
Acreditam que o “amor” autoriza tudo, inclusive comportamentos invasivos, escandalosos e inconsequentes.
Inegavelmente, há mais sofrimento que alegrias. Por isso, muitos buscam terapia, mas nem todos estão dispostos ao sacrifício que é largar o vicio. Querem mesmo é se desinteressar por ele. Mas isso não é possível!
O que a ajuda terapêutica faz é semelhante à abordagem do dependente químico, em que o autocontrole é estimulado para que, ainda necessitando da droga, o dependente seja capaz de vencer a urgência e a vontade de usá-la. É a consciência do freio do prazer imediato em função da gratificação a médio e longo prazos. Uma vitória muito recompensadora, por sinal.