Simone DemolinariPsicanalista com Mestrado e dissertação em Anomalias Comportamentais, apresentadora na 102,9 e 98 FM

O que você não faria ou faria diferente?

Publicado em 22/12/2022 às 06:00.

Essa semana lancei a pergunta nas redes sociais: “Com a experiência de vida que você tem hoje, o que você não faria ou faria diferente”?

Recebi incontáveis respostas. Contudo, algumas foram recorrentes. Escolhi cinco das que mais se destacaram para nossa reflexão.

1- Não teria ficado tanto tempo em um relacionamento ruim.

Manter alianças de má qualidade é dreno de equilíbrio emocional. Relações conflituosas, permeadas por ciúmes, brigas e irritabilidade boicotam a paz e a tranquilidade necessárias para a qualidade de vida. A consequência disso pode ser uma “morte psicológica”, que ocorre quando a pessoa perde sua identidade não sabendo mais do que gosta, qual seu valor, perdendo por completo a autoestima e a segurança e, pior, acreditando que não é capaz de recomeçar. Com isso, perdem-se anos, quiçá uma vida inteira. Uma lástima! Uma das propostas afetivas é melhorar a qualidade de vida. Fora isso, vale o velho ditado popular: “antes só que mal-acompanhado”.

2- Não teria gasto dinheiro com tanto consumismo desnecessário e acumulado tantas coisas em casa.

A expressão “todo excesso esconde uma falta” tem sua razão de ser. Consumir exageradamente pode revelar uma tentativa de obter prazer para compensar um aspecto da vida que não vai bem. Porém, este prazer é efêmero e logo vem a necessidade de consumir mais. Um buraco sem fundo que só traz frustração e revela o descontrole sobre si mesmo. Uma combinação fatal para a autoestima.

3- Não teria mantido amizade com tantas pessoas com quem não tenho tanta afinidade.

Manter laços de amizade não prezando pela qualidade e sim pela quantidade pode, de fato, ser uma grande fonte de arrependimento. Isso porque acabamos por compartilhar nossa intimidade com pessoas que não nos querem bem. Conclusão: além de não acrescentar, ainda nos subtrai.

4- Não teria dado tanta importância aos meus medos.

Muitas pessoas deixam de fazer o que querem por medo. Medo que muitas vezes nem elas sabem explicar de quê. Há uma subjetividade que mescla medo do ridículo, medo da crítica e medo do julgamento. Esse sentimento acaba favorecendo uma postura mais evitativa. O medo sabota a capacidade de ousar, deixando o indivíduo inseguro e falido emocionalmente.

5- Faria atividade física desde novo e não comeria tão mal.

O exercício ajuda a queimar as substâncias do estresse que o corpo produz. Alimentação saudável também impacta diretamente, pois uma mente sã funciona melhor num corpo são. E além: para uma boa qualidade de vida é preciso prezar pela qualidade do sono, respeitar o limite da capacidade de trabalho, não abusar do álcool, não usar drogas, resolver os conflitos à medida em que eles aparecerem e não deixar acumular problemas debaixo do tapete. A procrastinação é um poderoso combustível para ansiedade.

Se não fizemos no tempo certo, ainda há tempo para o recomeço. Uma famosa frase de Chico Xavier resume bem esse conceito: “você não pode voltar atrás e fazer um novo começo, mas você pode começar agora e fazer um novo fim”.

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