Autocrítica é a capacidade da pessoa de fazer uma avaliação em relação ao seu próprio caráter, conduta, defeitos e qualidades. A dificuldade se dá a partir de um mecanismo de defesa do nosso ego, que ora nos impede de acessarmos, com honestidade, o ponto da nossa falha; ora nos leva a severas punições mentais de cunho depreciativo. Portanto, nos dividimos em 3 níveis:
- O autocrítico “algoz de si mesmo”: o indivíduo que tende a se julgar duramente vive com uma voz mental que comunica, a todo mundo, sua inadequação. O julgamento mental sobre si é torturante, interminável e surge tanto em coisas pequenas quanto grandes. A voz que não cala está sempre dizendo: não deveria ter dito isso, acho que essa roupa não está boa, minha apresentação não foi como eu queria, deveria ter estudado mais, deveria ter ficado calado, não precisava ter ido a tal lugar, por que gastei tanto dinheiro?, devia ter respondido de forma mais assertiva e outras infinidade de coisas que vêm a todo momento na cabeça de quem se cobra excessivamente.
Geralmente, após o turbilhão mental, vem uma sensação de angústia e em seguida uma insatisfação consigo mesmo. Esse mix emocional vai, aos poucos, drenando a autoestima da pessoa ao ponto dela se saber competente, bonita e inteligente, não se achar boa o suficiente. Isso é mais comum do que se imagina - de tão baixa a autoestima, a pessoa sabe que é, mas não se sente. Alguns nem conseguem saber quem são, se perdem na própria depreciação mental.
Sendo a autoestima um juízo de valor que fazemos a nosso respeito, quem se autocritica dessa maneira está reforçando um sentimento de menos valia que dificilmente mudará.
- O desprovido de autocrítica: é aquele que não se enxerga. É o chato que se acha legal; o egoísta que se acha generoso e ainda xinga o outro de egoísta, o deixando com sentimento de culpa; o intrometido que se acha gente boa; o inconveniente que pensa que todo mundo gosta dele. Há uma distorção de imagem para cima, fazendo com que a pessoa se veja com mais atributos do que de fato tem. Estes geralmente não aceitam opinião dos outros sobre suas condutas: quando alguém fala, é muito comum que haja uma discordância seguida de conclusões irrefutáveis do tipo: se eu fosse como você está dizendo, eu não teria tantos amigos… Este e outros tipos de pensamentos que o impedem de enxergar o que é tão facilmente percebido por todos. Acabam concluindo que aqueles que falam mal, no fundo, queriam ser ele - e assim dão a sentença final: inveja!
Esse grupo de pessoa não quer ouvir, não quer mudar e muito menos se olhar no espelho. Preferem ficar onde estão. Tamanha cegueira, no fundo, esconde uma baixíssima autoestima travestida de ignorância, arrogância e vaidade. Afinal, nem tudo que reluz é ouro. Dizer que uma pessoa sem autocrítica tem uma autoestima alta não passa de um equívoco. Pessoas de boa autoestima são serenas, sabem ouvir, ponderam críticas recebidas e não saem por aí se autoafirmando como pessoas maravilhosas. Quem age assim só faz revelar o contrário.
- O autocrítico saudável: é aquele que consegue mapear seus erros e busca meios para melhorar. É quem muda na prática e não só no discurso. Não se omite frente a um erro mas também não se torna um algoz de si mesmo pois sabe que no fundo fez o melhor que podia. Uma autocrítica saudável implica em se observar com amor, gentileza, mas com disciplina buscando recursos para evoluir suportando possíveis sentimentos internos de culpa. Uma conduta muito rara!