Precisamos tomar cuidado com a nossa comunicação. Muitas vezes, falamos algo que magoa o outro e nem percebemos. Geralmente são coisas banais. Quem fala não dá peso, mas quem ouve se magoa. Muitas vezes, são falas que não acrescentam em nada, como por exemplo: você engordou; você está com cara de cansado; você é doido; isso não vai dar certo; eu avisei etc.
Há muitas falas que, além de não edificar, ainda chegam com uma carga de intromissão e arrogância. Uma bastante comum em pessoas pouco educadas e muito viciadas em celular é: “Pode falar que eu estou ouvindo” (enquanto continua com a cabeça baixa e os olhos fixamente grudados na tela). Ora, conversar mantendo o olhar no interlocutor é a premissa básica sem a qual não há diálogo e sim, monólogo. Ninguém é tão ocupado que não possa parar de digitar para conversar. Uma coisa é responder algo importante rapidamente ao telefone; a outra é ter a soberba de pensar que a si é dado o direito de prestar atenção parcial ao que o outro diz.
Escutar com atenção é atitude respeitosa, escutar sem criticar é nobre. A crítica quase nunca é bem-vinda, mesmo quando verdadeira. A tal crítica construtiva também costuma não construir tanto quanto se pretende. Aliás, só deveríamos tecer uma crítica se formos insistentemente solicitados e mesmo assim com cautela.
É importante pontuar que há dois tipos de pessoas que gostam de criticar, uma que não age de má fé, é guiada por um senso interno muito rígido e por isso gosta de pontuar o erro do outro. Acredita que assim está ajudando. A intenção é boa, mas ofende da mesma forma. Já o segundo tipo são pessoas de baixa autoestima, que por se sentirem inferiores (inconsciente ou não) precisam desmerecer o outro. Essa categoria é relativamente fácil de perceber pois ao falarem mal do outro, enaltecem a si.
Na mesma linha das falas desnecessárias temos a fofoca: um dito cheio de maldade com uma sutil revelação de inveja. E quando falo de fofoca me lembro das 3 peneiras de Sócrates:
Certa vez, um rapaz procurou Sócrates e disse que precisava contar algo sobre alguém. Sócrates perguntou: - O que você vai me contar já passou pelas três peneiras?
O rapaz desconhecia tais peneiras. Então ele explicou:
A primeira peneira é a VERDADE. O que você quer me contar do outro é um fato? Caso tenha ouvido falar, a coisa deve morrer aqui mesmo. Mas, suponhamos que seja verdade. Deve, então, passar pela segunda peneira: a BONDADE. O que você vai contar é uma coisa boa? Ajuda a construir ou a destruir o caminho e a reputação do próximo? Mas, se o que você quer contar é VERDADE e é coisa BOA, deverá passar ainda pela terceira peneira: a NECESSIDADE. Convém contar? Resolve alguma coisa? Contribui com a comunidade ou pode melhorar o planeta?
Então finaliza o filósofo:
Se passou pelas três peneiras, conte pois eu, você e o outro iremos nos beneficiar. Caso contrário, guarde para você.
E para finalizar vale lembrar as sábias palavras de Freud: “Quando Pedro me fala de Paulo, sei mais sobre Pedro do que sobre Paulo”.