Poucas coisas são tão dolorosas quanto a traição. Nos sentimos traídos sempre que laços de confiança são quebrados, sejam eles em família, com amigos ou entre parceiros afetivos.
Trair vai muito além da presença de uma terceira pessoa. Uma relação é um acordo de confiança, respeito e ajuda mútua, portanto tudo que viole este contrato pode constituir uma traição.
Alguns exemplos:
Descumprimento de combinados: Já diz o ditado: "o combinado não sai caro”. Pessoas honestas, quando percebem que não conseguirão cumprir o que prometeram, tratam logo de arrumar um jeito de negociar isso com a outra parte envolvida, no intuito de causar o menor dano possível. O combinado a dois não pode ser descortinado a um para o interesse de apenas um lado.
Revelar segredos: Intimidades vivenciadas a dois, quando são deliberadamente compartilhadas sem o consentimento da outra parte, configuram quebra de confiança.
Indiferença à dor do outro: Não precisamos sentir o que o outro sente, mas temos a obrigação de respeitar os sentimentos de quem amamos. Não se importar com o sofrimento do outro pode ser um bom medidor de afetividade.
Receber mais do que dar: Um indivíduo, quando recebe mais do que está disposto a dar, trai a relação de equilíbrio e igualdade. A ausência de reciprocidade pode configurar traição, uma vez que quem dá sempre espera receber, nem que seja gratidão.
Traição virtual: O mundo presencial se mistura ao virtual; não há como separar. Existem pessoas que se casaram presencialmente, mas namoraram basicamente virtualmente. Portanto, ter uma relação íntima com outra pessoa, ainda que virtual, configura traição.
Tratamento diferenciado: Há pessoas que reservam o melhor de si para os outros e com os íntimos mantêm a sua pior versão: com os de fora são pacientes, com os de "casa", intolerantes. Com os de fora são elogiosas, com os de dentro, extremamente críticas.
Estabelecer regras unilaterais: Viver com alguém regido por um duplo padrão moral e comportamental (a mim, o perdão; ao outro, a punição) é, além de incoerente, indigno.
Atacar a ferida emocional: Usar a fragilidade alheia para maltratar o outro é o mesmo que matá-lo com a arma dele. Ou seja, você compartilha algo com alguém de confiança e, num momento oportuno, essa pessoa usa tal confidência para obter vantagens. E tudo que você disse foi usado contra você.
Infidelidade: É preciso destacar dois tipos: a sexual e a sentimental. A primeira tem a ver com encontros fortuitos, sem envolvimento afetivo. Já na segunda há a presença do vínculo sentimental. Quase sempre culmina em separação.
Quanto mais próximo for o código interno de conduta de duas pessoas, mais elas terão laços afetivos de qualidade. Viver com alguém que não se esforça para ser confiável, justo e leal é uma traição contra si mesmo.