Na coluna da semana anterior escrevi sobre “Red Flags”, um termo em inglês que traduzindo significa “bandeiras vermelhas” e tem o objetivo de chamar a atenção para pontos importantes no comportamento das pessoas com quem nos relacionamos. Ou seja, um alerta para que consigamos, com mais agilidade, saber se estamos frente a pessoas “perigosas”.
Por falta de uma observação mais apurada da nossa parte, acabamos “dormindo com o inimigo”, e quando tudo se revela já é tarde demais. Portanto, pessoas tóxicas é igual diagnóstico de doença grave: quanto antes você descobrir, mais fácil fica de acabar com o problema.
No artigo anterior, falei sobre alguns pontos a serem observador que são as bandeiras vermelhas, os sinais que as pessoas emitem. Entretanto, é importante avaliar que tão necessário quanto perceber o outro, é estar atendo a nós, ao que sentimos.
Todos temos uma espécie de “voz interna”, que, quando ouvida de maneira genuína, se prova infalível. E não me refiro à intuição, percepção mística ou sensitiva; me refiro exclusivamente a estarmos conectados verdadeiramente às nossas emoções. É verdade que para alcançarmos este estado autêntico, é preciso um certo nível de autoconhecimento, e isso nem todos possuem e é importante entender por quê.
Desde novos fomos desestimulados a dar ouvidos ao que sentimos e a considerar nossas emoções. Na maioria das vezes, o que ocorria era o contrário. Em nome da regra de etiqueta tínhamos que não só esconder, como dissimular sentimentos. Com isso aprendemos muito mais a fingir do que dar voz às nossas emoções.
Crescemos adultos “adestrados” para não nos considerarmos e as consequências disso são inúmeras, tais como medo de desagradar, de não ser aceito, da rejeição, do julgamento alheio, desconforto em relação a nós mesmos, insegurança e duvida sobre nosso real sentimento. Uma anulação tão intensa no nosso “self” não poderia deixar outra herança a não ser uma baixa autoestima de base.
Isso tudo porque aprendemos que o importante é nos voltarmos “para fora” e castrarmos o “para dentro”.
Mas, voltando às red flags e no objetivo de conhecer o outro, a sugestão é considerarmos o que sentimos em relação a outra pessoa ouvindo o que a nossa voz interna está nos falando sem a invalidarmos. Algumas perguntas podem ajudar a acessar esse sentimento interno:
- Como eu me sinto na presença dessa pessoa?
- Eu fico à vontade na presença dessa pessoa?
- Sinto ansiedade quando estou próximo a ela?
- Preciso me esforçar demais para agradá-la?
- Sou uma pessoa quando estou longe e outra quando estou perto?
- Escondo coisas banais para não ser criticado por essa pessoa?
- Preciso me afastar de mim, do que sou e do que gosto para manter a proximidade com essa pessoa?
- Regra geral me considero seguro mas quando estou com essa pessoa tenho uma estranha insegurança?
- Preciso pisar em ovos para conviver bem?
- Sinto que essa pessoa me demanda muito?
- Apesar de gostar de sua presença me sinto sugada energeticamente?
Essas e outras perguntas são bons balizadores, pois quando a relação ocorre de maneira fluida ela não pode trazer tantos sentimentos “pesados”, portanto, se isso ocorre, é bom ficar atento pois essa pessoa pode ser um vampiro emocional.