Simone DemolinariPsicanalista com Mestrado e dissertação em Anomalias Comportamentais, apresentadora na 102,9 e 98 FM

Red flags - os sinais que não devemos ignorar nos outros

Publicado em 13/06/2024 às 06:00.

Red flags é uma expressão que ficou popular nas redes sociais recentemente. O termo vem do inglês e significa “bandeiras vermelhas”, ou seja, são sinais de alerta que revelam pontos importantes na conduta de uma pessoa e devem ser levados em consideração quando estamos conhecendo alguém. 

Todo início de relacionamento é uma maravilha! Isso se deve a basicamente dois motivos: um é o encantamento e o outro é a negligência aos sinais.

O encantamento é um fenômeno interessante, pois nasce de uma idealização que nós fazemos a respeito do outro. Ou seja, criamos uma pessoa não com base na realidade, mas sim na construção imaginária de um ideal daquilo que eu gostaria que fosse. É um encantamento pela própria criação. Isso pode ocorrer ao conhecer no campo das amizades, do trabalho, mas principalmente no amor. O encantamento faz sapos parecerem príncipes num passe de mágica. 

A segunda razão pela qual nos equivocamos sobre as pessoas tem a ver com a negligência dos sinais. Sinais estes que, de uma forma mais escancarada ou sutil, estão presentes desde o começo de tudo. As placas indicativas sempre estiveram lá, mas as ignoramos, ora pelo encantamento, ora para não destruir o castelo imaginário, e outras vezes pela esperança de que dali para frente as coisas serão diferentes. Na maioria das vezes nunca são - afinal, o mais provável de acontecer para frente é o que já aconteceu para trás. 

Assim como nas relações, estar atento aos sinais das placas indicativas é de responsabilidade única do motorista. É claro que algumas vezes surgem coisas inesperadas, mas geralmente são casos isolados e não comuns. 

Àqueles que querem ter um critério mais apurado antes de confiar sua vida a alguém, cabe ficar atento a algumas bandeiras vermelhas:

Forma de se relacionar em família: o ambiente familiar pode revelar mais sobre a personalidade de uma pessoa. Isso porque o nível de intimidade e os afetos gratuitos que os laços sanguíneos oferecem permitem à pessoa se sentir mais à vontade para ser quem ela realmente é. 

Duplo padrão moral e comportamental: condenar o outro pelo mesmo crime que comete é ter duas medidas para aferir a mesma situação. Há pessoas com esse antagonismo –a mim, o perdão; ao outro, a punição. 

Perfil explosivo: não conseguir conter a emoção e explodir tem a ver com um perfil beligerante. Estar ao lado de alguém assim é viver pisando em ovos, pois a bomba-relógio pode explodir a qualquer momento. 

Personalidade perversa: é muito difícil mapear essa personalidade, mesmo porque requer tempo e uma certa sagacidade. Mas alguns sinais podem ser indício de perversidade, como, por exemplo, o indivíduo que tem grande capacidade de virar o jogo. De uma forma sutil, faz o outro se sentir culpado e acreditar que o problemático é ele. No final, quem sofreu acaba se desculpando com o outro. Um cenário enlouquecedor, onde os envolvidos vão entrando numa teia difícil de se desvencilhar. 

Padrão comportamental: quem fez uma não quer dizer que fará duas, mas quem fez duas provavelmente fará a terceira. É importante ter esperança na mudança do outro, porém tão importante quanto é saber quando não tê-la mais. Ninguém encontra a paz vivendo de ilusão. 

Nos relacionar com alguém é estar parcialmente na mão do outro. Ele, mais do que ninguém, tem a capacidade de nos entristecer ou nos alegrar, por isso, se relacionar com alguém de índole duvidosa, emocionalmente instável, pouco confiável e grosseiro, não deixa de ser um ato de irresponsabilidade para consigo mesmo. 

Compartilhar
Ediminas S/A Jornal Hoje em Dia.© Copyright 2024Todos os direitos reservados.
Distribuído por
Publicado no
Desenvolvido por