Diz o ditado: “quem bate esquece, quem apanha, não”. E a coisa é mais ou menos por aí. A ferida sentida em quem apanhou nunca será percebida da mesma forma por quem a provocou. Nem sempre um pedido de desculpa ressarce o dano. Uma quebra de confiança por exemplo, é uma mácula que dificilmente é apagada na sua totalidade.
A história do “vidro quebrado não se cola” é aplicável em casos mais graves. Existem erros fatais que determinam o fim de relações promissoras, tanto no campo do amor, quanto da amizade ou profissional. Há condutas que são tão destrutivas que o pedido de desculpa fica insuficiente. É como atirar uma pedra contra uma vidraça e trazer um durex para restaurar o estilhaço.
Aqueles que pretendem dar vida longa e saudável às relações precisam avaliar os impactos da ação antes de atuar de maneira inconsequente. É importante ressaltar que os prejuízos emocionais são sempre os mais difíceis de serem pagos, visto que, nesse caso, desculpar não depende só de uma pessoa, é preciso que o causador do dano tenha o “comportamento dos arrependidos”, o que nem sempre acontece.
Há pessoas que demonstram-se mais preocupadas consigo do que com quem lesou. Querem ser desculpadas a qualquer custo e julgam de “egoísta” ou “sensível demais” aquele que está com dificuldade de perdoar. Por outro lado, a vítima se martiriza e acaba desculpando, tanto pela pressão quanto pela culpa que sente.
Mesmo com todo o contexto confuso, é preciso tratar os fatos no campo real, e não no ideal. A idealização sabota a realidade. Indivíduos que mesmo sendo advertidos continuam cometendo erros de igual teor, já não estão mais “errando” e sim demonstrando sua total despreocupação com quem está ferindo.
A reincidência revela um padrão comportamental. Há um ditado popular que diz: “quem errou a primeira vez, não significa que irá errar a segunda. Mas quem errou a segunda, provavelmente irá errar a terceira vez”. Pessoas com condutas repetidas dificilmente mudarão seu comportamento frente a um pedido de desculpa.
Não devemos tratar as falhas alheias nem com tanto rigor nem com tanta misericórdia. Há um ponto de equilíbrio onde a maturidade e o amor próprio devem encontrar seu lugar. Um bom palpite é observar o comportamento de quem se diz arrependido. Há aqueles que se sentem verdadeiramente arrependidos, são bem intencionados e fazem de tudo para não repetir a postura que magoa – a maioria das vezes conseguem. Porém, há quem se arrepende por oportunismo, um arrependimento estratégico que visa não perder confortos ou regalias. Estes costumam teatralizar um remorso que não sentem, às vezes choram ou até se humilham em busca do perdão, mas não mudam, pois no fundo são prepotentes e acreditam que merecem ser desculpados de todos os erros.