Quando perguntamos a uma pessoa se ela é vingativa, a maioria responde “não”. Isso porque temos em mente que vingança é algo intenso, fruto de uma ação deliberadamente ativa. Mas nem sempre é assim. Aliás, grande parte das vezes a vingança é sutil, silenciosa e passiva, como por exemplo:
Vingança mental
Aquela que ocorre no silêncio do pensamento: tanto posso ter uma fantasia imaginativa em relação à pessoa que me lesou quanto posso ter um desejo de que aquela pessoa sofra, se possível em dobro, todo o mal causado a mim. Mas, é preciso diferenciar, justiça não é o mesmo que vingança. O primeiro tem a ver com o pagamento do “crime". O segundo é querer que o outro pague e sofra. Um sentimento carregado de mágoa e ressentimento.
Vingança passivo-agressiva
É quando me vingo de uma pessoa desprezando-a. Funciona assim: frente a algum comportamento que não aprovo no outro, ao invés de expressar meu sentimento, me calo, e inicio um movimento de frieza e descaso. Uma coisa é interromper uma relação por divergências de valores ou conduta; a outra é punir com o desprezo. A primeira tem a ver com exercício da liberdade; a outra, com a vingança (querer que o outro sofra).
Vingança ativa
Ocorre quando somos regidos pela premissa: o mal que o outro me fez me autoriza a fazer um mal a ele. E, assim, o céu é o limite: a vingança varia de acordo com a raiva, com o freio moral e com o interesse do vingador.
Vingança passiva
Ocorre frente à omissão de uma informação importante, deixando algo acontecer, sendo que eu poderia ter evitado.
Por meio desse olhar mais apurado é possível concluirmos que o sentimento de vingança é mais comum do que imaginamos. A partir daí nos perguntamos: por que agimos assim? Geralmente o pensamento vingativo está alicerçado sobre algumas convicções, tais como:
Intenção punitiva/corretiva
Para punir a ação que reprovo no outro com o intuito de evitar novas reincidências. É o mesmo princípio da multa: cometeu uma infração, é penalizado. É também uma forma de “educar" (moldar) o comportamento alheio e criar uma consciência (que é minha) no outro. Mas, para assumir esse papel de juiz, é preciso, no mínimo, coerência, caso contrário, corre-se o risco de punir o outro pelo mesmo crime que se comete. Uma hipocrisia!
Cunho moral
Tem a ver com sentimento de superioridade. Por me sentir superior (autoridade), me sinto no direito de punir o outro levando em conta somente meu código interno de conduta, uma via curta para a vingança acompanhada de lição de moral.
Egocentrismo
A vaidade também é um importante pilar para a vingança. O pensamento é: "como ousa fazer isso comigo?” Desta forma, condeno o outro à submissão.
Viver regidos por essas premissas não nos faz necessariamente vingativos, mas o contrário é verdadeiro. Aos interessados em evoluir e abandonar esse hábito destrutivo é importante investir em si: no controle das próprias emoções e na maturidade. Sempre lembrando que energia é para ser gasta a nosso favor e não contra o outro.