Simone DemolinariPsicanalista com Mestrado e dissertação em Anomalias Comportamentais, apresentadora na 102,9 e 98 FM

Um alerta a favor da vida

Publicado em 05/09/2018 às 12:00.Atualizado em 10/11/2021 às 02:17.

É preciso falar sobre um assunto triste: o suicídio. O silêncio não resolve, piora, e as estatísticas mostram uma triste realidade. De acordo com a Secretária de Estado de Saúde de Minas Gerais, entre 1 de janeiro a 17 de agosto deste ano, 595 pessoas tiraram a própria vida no estado, isso dá em média um número de três pessoas por dia.

Além disso, dados da Organização Mundial de Saúde, mostram que no Brasil, cerca de 11 mil pessoas se matam todos os anos, uma média de 32 casos por dia.

Isso nos coloca como o oitavo país com o maior número de suicídio. No mundo, o número sobe para 800 mil pessoas por ano, uma média assustadora de uma morte a cada 40 segundos.

Este assunto vem sendo debatido com mais ênfase há 4 anos devido à uma importante campanha: “Setembro Amarelo”. O amarelo, cor que simboliza “atenção”, vem com o objetivo direto de alertar a população a respeito dessa triste realidade, buscando também debater suas formas de prevenção.

Eis o desafio: prevenir. Como perceber que alguém está pensando em se matar?

Há um ditado popular que diz “quem quer se matar, se mata, não ameaça”. Mas isso não é verdade. Estudos revelam que pessoas que prenunciam o suicídio, são aqueles de maior vulnerabilidade.

Aliás, um bom indicativo é a própria tentativa. Até mesmo aquelas frustradas onde as pessoas concluem que o objetivo é “chamar atenção”. Aquele que quer trazer a atenção para si, através da tentativa de auto extermínio, está de fato precisando de acolhimento e não de julgamento.

Geralmente, atras desse comportamento há um quadro depressivo como um pano de fundo. Nele, as emoções são exacerbadas, a gravidade da situação é ampliada e a desesperança toma conta fazendo a pessoa acreditar que seu problema (seja ele qual for) só tem uma solução: a morte.

Outra questão importante é o fator genético. Pessoas cujo familiares suicidaram têm maiores chances de fazer o mesmo. Além disso, há um forte impacto emocional: um suicídio na família torna o impensável pensável.

Por mais que seja difícil entender o que se passa no canto obscuro da mente humana, precisamos ficar atentos a algumas condutas, pois pequenos sinais podem ser sinais de alerta:

–Depressão
–Pessimismo acentuado
–Idéias de suicídio abertamente faladas ou ameaças
–Tentativas anteriores
–Isolamento social
–Perda de prazer em coisas que antes era importante
–Desesperança
–Sentimento de culpa: sentir que é um fardo para a família
–Falas do tipo: “Não vou atrapalhar vocês por muito tempo”; “Não queria ter nascido”; “Queria tanto morrer”; Vvejo a morte como alívio”; “Não aguento tanta dor”
–Melhoras súbitas: familiares de pessoas que se mataram relatam uma aparente melhora nos últimos dias –nesse caso, a melhora indica que o fato dele ter tomado a decisão de morrer, traz uma estranha sensação de alívio.

Não devemos trazer para nós a responsabilidade de sermos “radar” da vida do outro, mas se desenvolvermos um olhar mais acolhedor e menos crítico, conseguiremos salvar vidas.

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