O termo “agressão” nos remete à violência, ataque, briga, ofensas sejam elas verbais ou físicas. Mas, nem sempre é assim que ocorre. Existe uma agressão classificada como “passiva” que acontece na calmaria do silêncio, sem que haja qualquer indício visível de violência.
Um exemplo de agressão passiva: uma pessoa se comporta de forma que eu não aprovo. Ao invés de eu expressar meu sentimento em relação ao ocorrido, eu me calo e transmito minha raiva através do desprezo, mal humor, frieza, distanciamento, indiretas e dificuldade de sustentar o olhar à ela.
Agir assim tem o claro objetivo da punição. A intenção é reduzir a importância do outro para que ele, se sentindo humilhado e por baixo, tente sair da condição de invisibilidade pedindo desculpas ou adulando o agressor.
Esse desprezo dirigido a quem nem sempre sabe o que fez, ou não necessariamente agiu de má fé é um recurso cruel chamado agressão-passiva.
É importante diferenciar o comportamento daquele que se cala para evitar conflitos. Nesse caso, o silêncio não vem carregado de intenção punitiva; não há raiva, ironias nem indiretas, é apenas um silencio estratégico e respeitoso no intuito de não ascender uma discussão. Muitas vezes um ato de maturidade. Já o passivo-agressivo é marcado pela infantilidade.
Se observarmos o comportamento da criança conseguimos perceber, com facilidade, que ela emburra ou pega birra. Age assim por incapacidade de se comunicar, ou porque não quer ter que dar contrapartida. Faz pirraça para “ensinar” os pais a não frustrá-la novamente. Nós, os adultos, temos um arsenal diverso para nos comunicar sem precisar lançar mão desse comportamento tipicamente infantil.
Outra questão que vale a pena ressaltar é o teor vingativo e narcisista contido no comportamento passivo-agressivo. A vingança se dá na medida que “devolvo”, através do desprezo, o mal estar que senti. Opto por ferir para me sentir ressarcido. Pura vingança e competição. Já o narcisismo surge quando penso que minha importância é tão significativa a ponto de ser um terror ter conviver com a minha ausência. E geralmente é. Mas não pela ausência em si, e sim pela sensação de injustiça que o menosprezo causa.
A tática funciona, mas deteriora as relações. Quem sofre com esse desprezo passa a entender o mecanismo e tende, com o tempo, a perder a admiração por aquele que age assim.
É importante ressaltar que, apesar de passar uma imagem de forte e autossuficiente, o passivo agressivo é, no fundo, um fraco; primeiro por ser tão passional e não conseguir domar suas emoções e segundo por ser vitima da sua própria instabilidade. Não sentem orgulho do seu comportamento, se pudessem optar, não escolheriam ser assim.
Aqueles que se identificam assim e querem mudar precisam iniciar uma nova forma de agir frente às frustrações. Mais diálogo e menos reatividade pode ser um bom começo.