Algumas pessoas gostam de repetir o ditado popular que diz: “dou um boi para não entrar numa briga, mas dou uma boiada para não sair”, essa fala nos dá entender que há mais interesse em permanecer na briga do que sair dele. Outro ditado muito repetido é: “não levo desaforo para casa”. 

Pessoas regidas sob essas premissas estão mais dispostas ao conflito do que à paz. Não quero abrir aqui uma discussão se devemos ou não ir para o embate e em quais circunstâncias fazer isso. O objetivo é refletir sob o viés da reatividade. O indivíduo reativo, quando recebe um estímulo de alguém, reage negativamente e de forma automática, sem medir as consequências disso. Algumas vezes intimida o outro, mas outras sofre sérias consequências ou se arrepende profundamente até se envergonhando do próprio comportamento. 

Algumas características do indivíduo reativo:

- Recebe o estímulo e, sem pensar, responde a ele.
- Age impulsivamente.
- Não consegue ter controle sobre suas emoções. 
- Vai da tranquilidade para raiva muito rapidamente. 
- Melindra com facilidade.
- Interpreta como ofensa coisas que poderiam ser tratadas com mais amenidade.
- Explode emocionalmente.
- Se indispõe constantemente com amigos e familiares.
- Humor vinculado à sua situação - se as coisas estão bem, o humor está bom. Caso contrário, o mau humor prepondera. 
- Reage mal às críticas.
- Baixa ou nenhuma tolerância à frustração.
- Dificuldade em ouvir uma opinião contrária (interrompe a pessoa antes dela terminar)
- Desfaz laços de amizades caso algo lhe desagrade.
- Está sempre envolvido em algum tipo de atrito.

Curiosamente, pessoas reativas gostam muito de repetir que prezam pela paz. Mas estão longe de ter atitudes pacíficas. Quando falam isso, não estão dispostos a contemporizar ocorrências em nome da paz, querem mesmo é não ser chateados para não reagir. A isso chamam de paz. Um equivoco! Não podemos querer que a paz ocorra de fora para dentro. O estado de serenidade é algo interno derivado do controle e domínio das nossas próprias emoções. É uma modulação que fazemos internamente sem despejar nos outros nosso caos emocional e muito menos desejar não sermos aborrecidos pela vida. 

É importante ressaltar que a reatividade é um mecanismo de defesa que deriva do medo. O reativo é um medroso que, por insegurança, ataca. Além disso, revela uma imaturidade emocional onde o individuo reage como a criança quando tenta bater nos pais porque recolheram seu brinquedo. 

Se livrar desse comportamento requer tomada de consciência e um árduo trabalho em prol da maturidade. Um processo que requer, antes de tudo, vigilância e humildade para administrar o próprio caos emocional sem interpretar como desaforo. Uma longa caminhada!