Essa semana recebi uma fábula antiga e que já conhecia, mas, ao relê-la achei que valia a reflexão.
Certa vez o burro disse ao tigre: “Tigre, por que você fica o dia todo deitado nessa grama azul?”
O tigre respondeu, espantado: “Mas essa grama não é azul, ela é verde”.
A discussão cresceu e ambos foram ficando nervosos, cada um defendendo sua verdade. Para a briga não ficar ainda maior, resolveram então submeter a dúvida a uma arbitragem. Foram ao encontro do leão, o rei da salva, para que ele desse a sentença final sobre a cor correta da grama.
O leão estava sentado em seu trono quando ambos se aproximaram. O burro chegou ansioso e convicto de que estava certo, e se antecipou: “Sua alteza, não é verdade que a grama é azul?”
O leão olhou para os dois com toda calma e no alto da sua sabedoria, respondeu: “Exatamente, senhor, a grama é azul”. E o burro continuou: “Viu? Eu sabia, mas o tigre discorda de mim. Me contradiz e me incomoda por causa disso. Por favor, peço que lhe dê um castigo”.
O rei então declarou a sentença: “O tigre será punido com 5 anos de silêncio”.
O burro pulou de alegria e seguiu seu caminho, contente, cantarolando e gritando aos quatro cantos: “A grama é azul, a grama é azul….eu sabia”.
O tigre, sem entender a injusta punição, questionou ao rei: “Vossa
Majestade, gostaria de saber por quê o senhor me castigou sabendo que a relva é inquestionavelmente verde”.
O leão respondeu: “Sim, eu sei, que ela é verde”.
E o tigre perguntou: “Então, por quê fui punido, se estou certo?”.
O leão respondeu: “É porque a punição não tem nada a ver com a cor da grama. O castigo aconteceu porque não é possível que uma criatura inteligente, corajosa e cheia de virtudes como você perca seu tempo discutindo com o burro e ainda por cima venha para uma instância superior me incomodar com essa pergunta tão óbvia”.
É isso! Às vezes, perdemos nossa inteligência quando somos fisgados pela convicção equivocada do outro e acabamos entrando em embates desnecessários com pessoas que não aceitam pensamentos diferentes do seu; quando negligenciamos os sinais e depositamos confiança em pessoas pouco ou nada confiáveis; quando incorremos no erro de, por medo de desagradar, não nos posicionar a nosso favor.
Essas situações podem ser mais comuns do que imaginamos.
Entramos em parcerias afetivas equivocadas, acreditamos em ilusões, embarcamos em problemas que não são nossos, convivemos em ambientes que nada tem a ver conosco. E quando sofremos as consequências por termos sido bobos, ingênuos e demasiadamente crédulos, vem a vida e nos dá mais punição ainda.
Fica a clara lição de aprendermos a escolher quais lutas valem à pena e quais pessoas iremos escolher para conviver, para ter momentos de prazer, dividir a vida ou até discutir a cor da grama.
Enquanto não aprendermos isso, sairemos por aí pagando caro. Todo cuidado é pouco!