Imagine uma máquina capaz de realizar o desejo que você mais quer. Nela existem dois botões: um “fazer tudo certo” e o outro “estragar tudo”. Qual você apertaria?
Essa é uma pergunta que requer reflexão. Muitas vezes, nossa boca fala que quer algo, mas nossa atitude nos contradiz e exemplos não faltam: queremos emagrecer, mas não resistimos às guloseimas; queremos ser mais realizadores, mas nos rendemos à preguiça; queremos um emprego, mas não fazemos o movimento necessário.
Querer algo e não fazer por onde é cair na armadilha que nós mesmos colocamos. Uma contradição difícil de entender, porém real e recorrente. Na psicologia o nome dessa conduta autodestrutiva é: sabotagem.
Mas porque agimos assim? Alguns são os motivos:
Não queremos tanto quanto imaginamos que queremos. Exemplo: alguém que diz que quer casar, mas ninguém se adequa ao esperado: ora é chato demais, ora feio demais, ora incompatível demais. No inconsciente, essa pessoa quer continuar solteira, mesmo afirmando o contrário. O mesmo acorre com quem quer emagrecer. Na verdade, essa pessoa quer mais comer do que emagrecer e por isso engana a si mesma. Nosso comportamento é revelador: queremos mesmo mais aquilo que fazemos e não aquilo que falamos.
Medo da felicidade: outro motivo de autossabotagem é o pavor que sentimos de fazer sucesso. Mesmo parecendo antagônico, é verdadeiro; o medo não é necessariamente da felicidade e sim, de perdê-la. Esse medo nos freia de ir atrás do desejo.
Personalidade controladora: nos sabotamos por controle. Já que algo pode dar errado, deixa eu mesmo executar. Um bom exemplo disso é aquela pessoa que termina um relacionamento quando percebe o risco de a outra parte fazer isso. Querer ter esse tipo de controle é, muitas vezes, sair do jogo e parar de lutar. Claro, há lutas que não se justificam. Não são essas às que me refiro. Digo da que tanto queremos e “jogamos a toalha” sem esgotar todas as possibilidades reais.
Vitimismo: outra questão que nos puxa para esse tipo de conduta é para continuarmos na condição de vítima. Muitas vezes a autossabotagem nos traz o conforto de sermos injustiçados.
Pensamento mágico: quem acredita que a força está mais no ambiente externo do que no interno vive se sabotando, pois vive à espera de um milagre. A ilusão de caminhos fáceis, sabota o propósito.
A autossabotagem tem “cura”, porém, exige uma mudança significativa de hábito, de pensamento e principalmente de padrão comportamental. Não basta o desejo de mudar. É preciso, à luz da consciência, um exercício diário de disciplina, determinação, coragem para enfrentar os medos e, sobretudo, a certeza de que estamos nos doando 100% para aquilo que realmente queremos.