“Às vezes acho que vou morrer de raiva”, “passo mal de nervoso”, “tenho dificuldade para dormir de tanto estresse”. Essas e outras expressões são usadas para definir a intensidade com que as emoções negativas dominam os sentimentos.
Esse mal estar atual, parece fazer parte da realidade de muita gente. Não é a toa que queixas dessa natureza estão cada vez mais frequentes.
Sentir uma certa inquietude frente a algum evento especifico da vida, é normal. O que não é normal é viver diariamente como se fosse uma bomba relógio prestes a explodir. Há pessoas que são até tranquilas, mas ao menor estimulo negativo, perdem a serenidade. Essa vulnerabilidade mostra que algo não vai bem.
Não podemos negar que a vida moderna tem boa parcela de responsabilidade nessa irritabilidade aflorada. Se formos pensar vinte anos atras, perceberemos que nossa capacidade de esperar era amplamente exercitada. Um bom exemplo disso eram as cartas que escrevíamos para nossos amigos e familiares que moravam em outras cidades.
Essa atividade implicava em escrever manualmente, muitas vezes em rascunho, passar a limpo e enviar pelo correio e, após isso, esperar por tempo indeterminado, uma resposta. A esse movimento não cabia ansiedade, apenas o exercício da espera paciente.
Atualmente temos um meio de comunicação ultra ágil, como as mensagens via celular, por exemplo. Porém, perdemos a capacidade de esperar. Na verdade, estamos num movimento ao contrário, quando não somos prontamente respondidos, nos sentimos, no mínimo, ansiosos. Queremos um retorno com a mesma velocidade com que conseguimos enviar o conteúdo. Um imediatismo compatível com a era atual, onde tudo é “para ontem”.
Estamos sempre com a sensação de que estamos atrasados ou perdendo tempo. Outro exemplo é o transito. Muitas pessoas se sentem imensamente irritadas quando andam pelas ruas. Perdem o humor, xingam, gritam, batem no volante, buzinam, tudo isso extravasando a irritabilidade que já não é possível ser contida.
A urgência da vida moderna é um convite à ansiedade e, um indivíduo ansioso, dispara o gatilho da impulsividade e excessos: come mais, compra mais, briga mais, fuma mais, bebe mais. Tudo isso na tentativa de compensar, a irritabilidade sentida. Um circulo vicioso que não resolve o problema, aliás, agrava.
Para desacelerar dessa ansiedade é necessário algumas atitudes. Querer não basta, é preciso fazer algo em favor disso. Um bom começo pode ser a atividade física, o exercício ajuda a queimar as substancias do estresse que o corpo produz. Alimentação saudável também impacta diretamente, pois uma mente sã funciona melhor num corpo são. Prezar pela qualidade do sono, respeitar o limite da capacidade de trabalho, não abusar do álcool, não usar drogas, resolver os conflitos à medida que eles aparecerem e não deixar acumular problemas debaixo do tapete, a procrastinação é um poderoso combustível para ansiedade. E por fim, uma boa dica é usar o ensinamento do filósofo Epiteto: “só devemos nos ocupar daquilo que efetivamente está sob nosso controle”.