Em gestão de marcas temos o que se chama co-branding, que é quando duas ou mais marcas se associam para o lançamento de um produto ou serviço em específico, ou de uma campanha, o que não significa a fusão das empresas, mas a ação estratégica e em rede para alcançar objetivos comuns. Isso é feito entre aquelas organizações que comungam de valores semelhantes.
As parcerias que formam uma rede são comuns em vários setores, como a atuação junto às crianças e adolescentes que vivem em casas de acolhimento e que precisam de atendimentos na área da saúde, educação, assistência social. Existe uma rede que é acionada para que esses direitos básicos, e necessidades, sejam ofertados. O mesmo acontece no cuidado à pessoa idosa, às pessoas com deficiência, dentre outros.
Há de se esclarecer que os resultados deste trabalho são muito profícuos, desde que existam políticas públicas e investimentos dos órgãos competentes não só no trabalho que conecta diversos atores, como nos atores em si: não adianta ter uma rede que preconize a garantia de direitos, mas não dedicar investimentos para a educação e a escola ficar totalmente fragilizada.
Ou o atendimento médico que não funcione, por precariedades do sistema e por aí vai.
No âmbito das organizações da sociedade civil, a rede também é imprescindível. Não podemos nos furtar de trabalhar com outras organizações, pois o trabalho social, por si só, demanda diversos recursos, que vão além do financeiro. Estando juntas, as organizações se fortalecem.
E há que se ressaltar que é muito mesquinho trabalhar sozinho com o intuito maior da autopromoção, e sob o medo de não ter os holofotes voltados para si. O trabalho conjunto propicia um aprendizado imenso, pois não é uma opinião apenas que está posta à mesa, mas várias outras, valorizando a diversidade de pensamentos e a democracia, que permite a participação de vários atores.
Sabemos que há projetos que são encabeçados por uma instituição e que ela merece o crédito por isso. Mas, até aí, o valor da rede é evidente, pois promove a participação de outros atores sociais, o intercâmbio e o aprendizado de conhecimentos distintos, o fortalecimento de ideias e ações e a amplificação dos resultados.
Um exemplo bem-sucedido e recente foi a união de grandes empresas na ação voluntária chamada de “Match CMVC”, promovida pela CDM Projetos Sociais de Alto Impacto, através do Comitê Mineiro de Voluntariado Corporativo (CMVC), e que transformou o último dia 24 de julho em uma data histórica para 500 colaboradores do consagrado Sistema Divina Providência (SDP), na Cidade dos Meninos São Vicente de Paulo, na cidade mineira de Ribeirão das Neves.
Com os alunos de férias, a movimentação ficou por conta do evento que reuniu mais de 90 voluntários de diversas empresas. Imagine juntar funcionários da CNH, Algar, Copasa, AngloGold Ashanti, Instituto Localiza, Localiza, Instituto Marum Patrus (IMAP), Patrus Transportes, Sicoob Credicom, CSN Cimentos, PETRONAS, Inter, Instituto Unimed, Unimed, Cemig, Senac, Grupo Sada e Ambev. Pois isso aconteceu e foi um grande impacto para quem participou.
Com o tema “Cuidar de Quem Cuida”, as atividades foram planejadas a partir de grupos focais realizados pela CDM junto à alta gestão e aos colaboradores do Divina Providência, permitindo uma compreensão do perfil e das necessidades dos seus colaboradores. Para Márcio de Araújo Souza, dentista há oito anos na Cidade dos Meninos, “este ano, tivemos uma das melhores oportunidades. As palestras da CDM foram muito valiosas e estão exatamente alinhadas com o que precisávamos. Discutimos temas de educação e saúde bucal que esperávamos há muito tempo”.
As ações do Match CMVC 2024 têm como temáticas centrais dois dos 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS): o 3, de Saúde e Bem-estar e o 4, da Educação de Qualidade. Estimular este intercâmbio de profissionais de diferentes empresas para práticas de voluntariado corporativo que estão alinhados a esses objetivos possibilita promover a troca de aprendizado entre os participantes.
Beatriz Alves, colaboradora da AngloGold Ashanti, disse que: “Foi simplesmente incrível. As palestras foram interativas, envolvendo todos de maneira significativa. Um dos momentos mais marcantes foi a aula de dança.
Ver as pessoas se soltarem e sorrirem trouxe uma sensação de alegria e aliviou o estresse de todos. Ser voluntária enriquece nossas vidas de maneiras inesperadas”.
Eventos como este ajudam a fortalecer o senso de participação de pessoas tão importantes para a instituição, como Raimunda Aparecida Alexandre, que há 9 anos trabalha na Cidade dos Meninos como mãe social.
Ela relata que ser mãe social é difícil, mas só de ver os rostinhos das crianças, felizes, confiantes e, acima de tudo, dando retorno ao trabalho realizado, tudo isso já vale a pena. “Mãe social é amar, com carinho e dedicação”, diz Raimunda.
E recorrendo ao imortal Ailton Krenak, em seu livro Futuro Ancestral: “A eventual liderança de uma criança será resultado da experiência diária de colaboração com os outros, não de concorrência”.