Um amigo me mandou uma mensagem querendo saber onde ele poderia doar alguns produtos de higiene e limpeza. Pela proximidade geográfica em que ele estava, indiquei a Casa Aura, que atende crianças que vêm a Belo Horizonte fazer o tratamento de câncer. Lá a criança e um acompanhante são recebidos com todo cuidado e amor durante o período em que necessitam de um lugar e de pessoas que sejam agradáveis e aconchegantes.
Há, em Belo Horizonte, outras casas que se dedicam a esse essencial trabalho e que nos dão um orgulho muito grande por simplesmente existirem mas, mais ainda, em termos a certeza de que se empenham em demostrar a cada família que não estão sozinhas, que elas têm com quem contar, profissionais e pessoas que se importam com elas.
Temos a CAPE – Casa de Acolhida Padre Eustáquio, onde recentemente fiz uma palestra virtual para a equipe e fui muito bem acolhido. Falamos que o amor não é algo que de tão grande se torna inacessível, mas que se manifesta em pequenas ações. Imagina uma mãe chegar com sua filha do interior de Minas, ou de outros Estados, sem conhecer nada por aqui e encontrar alguém que abra a porta com um sorriso nos olhos, com um cumprimento amigável, com palavras acolhedoras. Pense num espaço físico colorido, com brinquedos e atividades pedagógicas durante todo o tratamento, além do acompanhamento dos psicólogos, da equipe da cozinha, nutrição, limpeza.
Outras instituições como o Lar Teresa de Jesus, onde conhecemos crianças que mais nos ensinaram do que nós a elas. Enquanto as voluntárias faziam as unhas das meninas, elas iam contando os seus sonhos, como se os vissem ali à sua frente, acontecendo.
A Casa do Caminho, que nasceu mais recentemente, mas carrega a experiência e cuidado com as pessoas. Quando chegamos lá parece que estamos em casa, sentados, tomando café com os amigos.
A Fundação Sara Albuquerque, cuja matriz é em Montes Claros, mas que tem uma filial em BH, onde na minha primeira visita pude ler alguns livros escritos pelas crianças, com tanta história linda e que retratam as partes da infância que mais as encantam: as brincadeiras, a família, os momentos “mágicos”.
Aqui deixo registrada uma homenagem a essas e outras instituições que marcam a vida de tantas famílias, se tornando a sua família numa cidade grande demais para alguns.
O meu amigo do início dessa história, ao acabar a entrega da doação, me mandou uma mensagem, feliz com o que ele viu e ainda me falou o seguinte:
“Cheguei lá e tinha uma menina saindo com a mãe. Devia ter uns 5 anos.
Ela falou assim: mamãe, vamos mesmo para casa?
A mãe respondeu: sim, ‘Sophia’, aqui estava tão bom, mas chegou a hora de voltar”.