Várias iniciativas são realizadas em Belo Horizonte, independentes do apoio governamental, que buscam promover o protagonismo dos jovens de periferia, em busca da justiça social.
O Círculo Socioeducativo faz parte da Organização Política Brigadas Populares. Ele surge em Belo Horizonte em 2012 com o objetivo de organizar trabalhadores, adolescentes, jovens e familiares em torno da pauta do sistema socioeducativo e a política repressiva do Estado.
De acordo com participantes do círculo, a motivação parte da realidade social do Brasil, “visto que vivemos no país a seletividade do sistema penal. Seletividade essa que afeta principalmente os adolescentes e jovens negros de periferia”. A partir dos dados do Conselho Nacional de Justiça, Minas Gerais é o terceiro Estado com maior número de adolescentes em cumprimento de medida socioeducativa de meio fechado. Ou seja, é o terceiro Estado do Brasil que mais investe no encarceramento como medida socioeducativa, desconsiderando as outras medidas, menos gravosas.
Então deparamos com uma realidade que precisa ser transformada: a sociedade, de maneira geral, clama pela privação de liberdade como resposta à criminalidade, no entanto, o que se percebe é que essa criminalidade só vem crescendo no Estado. A resposta não poderia ser melhor: a instituição Círculo Socioeducativo entende que para diminuir a criminalidade é importante investir em políticas públicas que garantam os direitos dos jovens.
“Para a seletividade do sistema penal uma das respostas é a desmilitarização da Polícia Militar, pois uma polícia militarizada atua na lógica de inimigo interno e este inimigo é construído a partir do recorte racial. Em 2012 as polícias civil e militar mataram 5 pessoas por dia no país”, afirma a organização do Círculo.
Já para o extermínio da juventude negra o Círculo entende que a política proibicionista das drogas contribui para que jovens negros sejam cada vez mais assassinados e legitima a Polícia Militar a entrar na periferia de forma diferenciada, ou seja, uma forma violenta que viola o direito dos que ali vivem.
O trabalho realizado então é no sentido de fortalecer a juventude negra de periferia, para que ela se mantenha viva e em liberdade. Para isso são desenvolvidas várias ações ao longo destes anos, como a 9ª mostra de cinema e diretos humanos no hemisfério sul, com a participação de adolescentes em cumprimento de medida socioeducativa de meio fechado em duas unidades de internação.
Também foi realizada a campanha contra a redução da maioridade penal; formações ampliadas abordando diversos temas como “política sobre drogas no Brasil”, “política de encarceramento em massa”, “sistema socioeducativo”, dentre outros; organização territorial de jovens que vivem nas periferias de Belo Horizonte através de ações locais”.
Educação, esporte, cultura e respeito ajudam a impactar muitas pessoas, dando-lhes possibilidades de entender de maneira mais global, e não limitada, a sua própria vida e seu papel na sociedade.