Paixão que vem de família

Paula Coura
pcoura@hojeemdia.com.br
Publicado em 07/10/2016 às 19:13.Atualizado em 15/11/2021 às 21:08.

As estórias contadas pela professora e mãe inspiraram muito mais que sonhos na família Teles. Os textos, apresentados desde muito cedo por Maria da Conceição Teles, de 93 anos, despertou nos filhos a vontade de ter um negócio voltado para os livros. Foi assim que, em 1967, surgiu a primeira Livraria Leitura com sede em Belo Horizonte, que tem a metade de suas franquias comandas por Marcus Teles, o caçula dos 15 filhos do casal que criou a família em Dores do Indaiá, na região Central de Minas.

Aos 50 anos, o empresário relembra com carinho as rodas de família para leitura que, às vezes, chegavam até a causar certo temor, tamanha veracidade continham as palavras de sua mãe, que encabeçava esses momentos. “Eram estórias contadas pela mãe, que vieram da minha avó e até antes dela, para que ficássemos mais quietos mesmo”, explica o filho mais novo dos Teles. Alguns dos “causos” da época estão reunidos no livro “Histórias da Vovó”, escrito pela mãe do empresário.

Foi em meio a esse ambiente que Marcus, desde cedo, começou a empreitada no ramo dos livros. Ainda muito jovem já trabalhava com o irmão Emílio Teles na primeira loja Leitura. “Aos 13 anos já tinha carteira assinada na livraria”, conta, orgulhoso. À época ele tinha 10% da loja que, ao longo dos anos, foi crescendo com as pessoas “de dentro de casa”, como explica Marcus.
A fórmula fazer o que gosta ao lado da família deu certo. Aos poucos, a Leitura foi ampliando. Atualmente, são 64 lojas em 18 estados brasileiros.

Crescimento

A expansão da Livraria Leitura começou ainda na década de 80 de maneira modesta. Nesse período, foram abertas duas lojas. A partir dos anos 90, os negócios deram um boom. Teles calcula que cerca de duas lojas foram abertas por ano desde então.

Em 2000, a Leitura abriu sua primeira franquia, em Brasília. Depois disso, expandiu-se para Goiás, Espírito Santo e Mato Grosso do Sul. Em 2010, foi a vez de ganhar os grandes mercados do Rio de Janeiro e São Paulo. Mas, apesar da rápida ascensão, Teles conta que algumas lojas também precisaram ser fechadas por uma questão estratégica. Foi o que aconteceu com a Leitura da avenida Cristóvão Colombo, na Savassi, em BH –um marco da região. “Achamos melhor remanejar toda a área de quadrinhos para as lojas dos shoppings Pátio, BH e Boulevard”, explica. [INTERTIT

Em casa

Como um negócio de família, vários integrantes estão envolvidos. Teles calcula que mais de 15 pessoas estejam à frente dos negócios dentre irmãos, sobrinhos e primos.

E o exemplo recebido dos pais já foi passado para a próxima geração. “Um dos meus filhos quando tinha 8 anos já me mostrava listas de filmes e livros que mais tinha gostado”, conta. E, apesar de ainda serem pequenos para decidir o futuro, já que um tem 11 e o outro 15 anos, Marcus Teles acredita que vão seguir a veia cultural familiar.

Setor infanto-juvenil alavanca as vendas nas megastores

Nem as novas tecnologias foram capazes de tirar das novas gerações do século XXI a atração pela velha e tradicional leitura no livro de papel. Pelo menos foi essa a constatação feita nas lojas Leitura de Belo Horizonte, relatada por Marcus Teles, que é sócio de metade delas. Ele revela que o setor infanto-juvenil representa mais de 20% das vendas em toda a rede de livrarias.


Ainda de acordo com Teles, cada vez mais os estabelecimentos ficam lotados de leitores mirins, ávidos por séries que vão e voltam ao mercado, como foi o caso do “Senhor dos Anéis”, escrito originalmente na primeira metade do século passado e que voltou em forma de trilogia escrita e nas telas do cinema – uma febre recente.

DIVERSIFICAÇÃO

“Procuramos diversificar cada vez mais os produtos da loja voltados para esse público que, ao contrário do que se pensava, explora todos os recursos das novas tecnologias, mas ainda busca o tradicional livro”, relata Teles.
Essa proposta de incorporar novas formas de leitura estão nas megastores, que têm ainda filmes, música e até games. Além disso, contam com espaços de entretenimento como cafés, ambientes para leitura, sessões de autógrafos e eventos culturais.

“Nas últimas bienais do livro que tive a oportunidade de frequentar em São Paulo e até mesmo em Belo Horizonte, a maior parte do público era formada por adolescentes. Cheguei até a ouvir reclamações de algumas editoras de livros universitários porque esse público não estava presente aos eventos”, finaliza Marcus Teles.

71
Livrarias Leitura
devem ser abertas até 2017, quando a empresa, com sede em belo horizonte, completará 50 anos

Compartilhar
Ediminas S/A Jornal Hoje em Dia.© Copyright 2025Todos os direitos reservados.
Distribuído por
Publicado no
Desenvolvido por