Para sempre Willy Gonser

Publicado em 24/08/2017 às 00:49.Atualizado em 15/11/2021 às 10:14.

Num momento triste para a imprensa esportiva no Brasil, quando ela perde uma de suas maiores referências do Rádio, Willy Gonser, reproduzo texto do brilhante Christiano Jilvan. Como bem dito pelo diretor Jota Dias: “Que bela crônica... As narrações dele encantavam e buscar o túnel de tempo foi de uma inteligência considerável”.

No ano em que o Montes Claros Futebol Clube subiu para a 1ª Divisão de Minas Gerais, Willy Gonser foi o primeiro da grande imprensa que veio à cidade. Narrou Bicho 1x0 Atlético, em 6 de março de 1997. O nanico Alemãozinho, aos 36’ do 1º tempo, fez o gol da vitória, num voleio de fora da área; no ângulo. No ano seguinte, o Atlético viria a MOC já completo; venceu por 2x1. Marques, Dedê e Taffarel jogaram.

Ídolo de muita gente, Willy foi tão assediado como os jogadores atleticanos: fotos, autógrafos e até presentes. Também pudera, não só por ser a voz oficial do Atlético há décadas, mas também por ser o porta-voz de gerações e gerações de atleticanos, seja em momentos memoráveis, como na supremacia alvinegra nos anos 80 em Minas ou, ainda, na época das vacas magras e de times de caneleiros.

Na primeira pergunta, que ele respondeu comendo uma empadinha atrás da outra, quis saber se o placar era, de fato, um feito imensurável e se o Montes Claros iria longe. “Olha rapaz... Ter cabelo branco é um sinal de que eu vi muita coisa nesta vida. Não quero diminuir a importância do que o Montes Claros fez nesta noite, mas o futebol está muito além disso. Torço muito para que o futebol do interior de Minas cresça, seja grande, consiga incomodar mais e mais os times de Belo Horizonte, mas tudo acontece isoladamente. É preciso melhorar muita coisa, a começar pela estrutura e a mentalidade das pessoas; para que não se façam de vítimas por ser pequeno, mas que sejam reconhecidos pela vontade de ser grande...”

A conversa se estendeu para os demais assuntos que pautei, mas esse trecho inicial ficou marcado, especialmente porque o futebol do interior mineiro continua vivendo de protagonistas efêmeros com cobertor de pobre: ou cobrem a cabeça ou cobrem os pés.

Resumindo: A prosa com Willy virou manchete; um “pingue-pongue” de meia página, que remetia não apenas à análise do Bicho, dos times do interior, dos estádios ou do momento do Atlético. As profecias do Alemão, que resumem especialmente o futebol profissional da cidade de Montes Claros, aconteceram. Há quase três anos, nenhum clube de Montes Claros disputa competição federada; e a entrada na 1ª Divisão, pela porta da frente, ficou só com o Bicho, lá mesmo em 1997.

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