Paraguai além da 'muamba': conheça mais sobre o país onde o Papa encerra visita pela América Latina

Elemara Duarte - Hoje em Dia
Publicado em 12/07/2015 às 13:33.Atualizado em 17/11/2021 às 00:52.

O Papa Francisco encerra a visita pela América Latina neste domingo (12), com missa, nesta manhã, na esplanada do parque Ñu Guasu, no Paraguai. A comitiva visitou o bairro carente do Bañado, em Assunção. Em seguida, Francisco foi ao parque, onde era esperado por 600 mil fiéis para a celebração.

Com homília entusiasmada, sempre trazendo as palavras do Evangelho para a prática diária, o Papa convidou os católicos a "viver a hospitalidade" na própria Igreja, de forma a fazer uma religião mais inclusiva, assim como fez Jesus. "Jesus como bom professor, pedagogo, nos convida a viver a hospitalidade”.

Francisco foi mais adiante, exemplificando que esta hospitalidade inclusiva deve ser praticada pelos fieis com pessoas abandonadas, com os enfermos, presidiários, leprosos. Nesse sábado (11), o líder católico também celebrou uma missa no Santuário de Caacupé, local de peregrinação para devoção à padroeira do país.

O pontífice encerra a celebração dizendo que levaria os paraguaios "no coração". O Papa não visitou o país de origem, a Argentina, nesta viagem à America Latina. Ele passou por três países: Equador, Bolívia e Paraguai.

No último país, onde visitou a região de Assunção, passando por cidades históricas e de forte influência da cultura indígena guarani, pouco conhecidas pelo imaginário, especialmente dos brasileiros, que veem o país apenas como uma amplificação da região de compras em Ciudad del Este.

Conheça algumas curiosidades sobre o país e acompanhe galeria a seguir:

- "Paraguay", pode ser traduzido do guarani como “mar imenso” ou “água que corre para o mar”. O país é repleto de bacias hidrográficas. Na capital Assunção é possível até se pegar uma praia, ao longo da Avenida Costanera, mesmo que o país esteja, como se diz localmente, “no coração da América Latina” e “a mil quilômetros do mar”.

- As praias mais movimentadas são aquelas próximas ao Lago Ypacaraí, a cerca de 40 quilômetros da capital. O lendário lago de “águas azuis” já inspirou várias canções como “Recuerdos de Ypacaraí”, gravada por artistas como a cantora paraguaia radicada no Brasil, Perla, e até por Caetano Veloso, no disco “Fina Estampa” (1994).

- Boa parte do país é ocupada pela biodiversidade do chamado “chaco”. O chaco é uma região quente e que em alguns pontos se assemelha ao Pantanal Brasileiro. Em alguns locais, no norte do país como no caso do “chaco seco” as sensações térmicas podem chegar aos 50 graus centígrados.

- Chimarrão no Paraguai se chama “tererê”, e é tomado gelado, com diversos tipos de ervas maceradas. Em Assunção, estas ervas, cujo conhecimento popular sabe bem os fins terapêuticos, podem ser adquiridas no Mercado Municipal 4, o maior do país, ocupando quase todo um bairro todo na capital. A bebida é sempre um alento de frescor para os dias quase sempre muito quentes no país.

- O Paraguai possui dois idiomas oficiais: o espanhol e o guarani. Uma das palavras mais importantes neste idioma indígena, amplamente utilizado nos lares paraguaios, é “y”. O termo pode ser pronunciado como “ã” e significa “água”. Chaco “y”, quer dizer “chaco úmido”.

- As principais cidades paraguaias são Assunção, a capital, Ciudad del Este (bem distante de Assunção e ligada ao Brasil pela “Ponte da Amizade”), San Lorenzo, Capiatá e Luque. Luque é conhecida como a "ciudad de la música", devido às oficinas de produção artesanal de harpas. É também onde fica o aeroporto internacional do país, a sede da Confederação Sulamericana de Futebol, a Conmebol e onde se produz as jóias em prata com a técnica do “filigrana”.

- A Guerra do Paraguai (1864-1870), provocada por rivalidades territoriais e diplomáticas platinas, dizimou três quartos da população do país. O Papa Francisco citou o episódio e lembrou as mulheres sobreviventes em um dos discursos que fez no país, neste fim de semana. "Eu gostaria especialmente de mencionar vocês, as mulheres, esposas e mães do Paraguai, que a um grande custo e sacrifício foram capazes de levantar um país derrotado e devastado pela guerra”, disse o pontífice argentino. A guerra aconteceu entre o Paraguai e a Tríplice Aliança, composta por Brasil, Argentina e Uruguai.

- Um dos pratos mais populares do Paraguai é a “sopa paraguaia”. Na verdade, de sopa com caldo, como conhecem os brasileiros, o prato não tem nada. A sopa deles é um bolo salgado preparado com fubá, manteiga, cebola e queijo ralado. A iguaria foi provada pelo pontífice argentino na manhã deste domingo em um café da manhã típico do país preparado por moradoras.

- Os estilos musicais típicos do país são: a “guarânia”, mais folclórico e que pode ser considerada a “avó” da música sertaneja no Brasil; e, entre os jovens, é o “reggaeton”, música que tem influências do funk, do hiphop e de músicas caribenhas.

- O “nhanduti”, técnica indígena de tear que quer dizer “fio de aranha”, é um dos artesanatos mais famosos do Paraguai. A renda formada é utilizada para peças de decoração das casas e roupas.

- No Paraguai, pão de queijo se chama “chipa” e é enrolado no formato de uma ferradura. É muito comum encontrar vendedores ambulantes de “chipa” nas cidades.

- “Frutilla” é “morango”, em solo paraguaio. O cultivo se dá em larga escala nas cidades de Itauguá e Areguá, distantes cerca de 30 quilômetros de Assunção. Os frutos são pequenos, mas muito doces, e considerados um dos melhores do mundo, por serem cultivados sem agrotóxicos.

- Os encargos sociais e impostos baixos transformaram o Paraguai – principalmente Ciudad del Este – em um atrativo para compra dos brasileiros. Porém, a criminalidade e o contrabando viraram marca na região. Diferentemente de Assunção, que é uma cidade em franco crescimento e com boa oferta de novos hotéis e de entretenimento cultural e gastronômico. Mesmo assim, Assunção ainda conserva a tranquilidade interiorana, graças também ao forte policiamento, especialmente nos bairros vizinhos ao palácio do governo.

- Assunção possui um dos mais importantes museus das Américas – o Museu do Barro. No local há centenas de peças em cerâmicas, de vários povos primitivos de todo continente: Peru, Equador, Costa Rica, México, entre outros. Algumas preciosidades são datadas dos anos 900, antes de Cristo.

(Fotos: Elemara Duarte)

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