O empresário Marco Aurélio Flores Carone, de 60 anos, vai continuar preso de acordo com a decisão do juiz da 2ª Vara Criminal da capital mineira, Haroldo André Toscano de Oliveira. Ele vai permanecer na penitenciária de segurança máxima Nelson Hungria, em Contagem, Região Metropolitana de Belo Horizonte. A decisão foi tomada após pedido da defesa de Carone para que ele fosse colocado em liberdade ou em prisão domiciliar sob o argumento de que sofre de diabetes e hipertensão arterial, além de ser idoso.
O Ministério Público Estadual (MP) representou pela manutenção do jornalista na cadeia por entender que ele não sofre doença grave e, em liberdade, poderia intimidar testemunhas das dezenas de processos que correm contra ele em varas criminais e cíveis de Minas Gerais.
O juiz considerou que Carone não é idoso e não apresenta doença grave podendo receber assistência no presídio. A decisão teve por base laudo do médico que atendeu Carone quando ele alegou ter se sentido mal, dentro da carceragem, e foi levado a uma unidade hospitalar.
O Hoje em Dia teve acesso a peças da denúncia que corre na 2ª Vara Criminal do Fórum Lafaiete. Elas relatam o modo de atuação da quadrilha denunciado pelo MP. De acordo com a Promotoria, os acusados tinham como base das operações criminosas a falsificação de notas promissórias, confissões de dívidas e até documentos relativos a testamento para extorquir diversas autoridades.
Balcão de chantagem
O esquema, segundo o MP, é comandado por Nilton Monteiro, sendo Carone o “relações públicas” da empreitada criminosa. No ano de 2000, Monteiro teria começado a falsificar documentos com a finalidade de extorsão. Contava com a ajuda de um policial civil para as autenticações. Conforme a denúncia, foram diversas notas promissórias milionárias, todas falsas, ajuizadas nas varas de execuções fiscais. Até 2013, o MP já havia chegado à cifra de R$ 1 bilhão em fraudes. Os alvos foram políticos e empresários, incluindo um grande grupo do ramo da mineração.
Os falsários, segundo o MP, utilizavam sempre de duas testemunhas. Uma delas, em depoimento, admitiu a falsificação. “A segunda denunciada, Maria, e, Alcy, o terceiro, além de Sebastião Neves, agiam em conjunto e combinados com o primeiro denunciado, nas práticas dos delitos narrados, eis que, figuravam como testemunhas em diversos documentos apreendidos com Nilton, inclusive na nota promissória forjada, com a assinatura do advogado, F.A., no valor de R$ 3.000.000,00, conforme a mesma confessa em depoimento pessoal. As assinaturas em tais documentos, todos forjados, os quais seriam utilizados por Nilton Monteiro para fins de obtenção de lucros indevidos”, diz trecho da denúncia.
Em 2007, Monteiro associou-se a Carone. De acordo com os autos, Carone era responsável por realizar matérias supostamente jornalísticas contra as autoridades que seriam chantageadas com documentos falsos, publicando-as no Novojornal. Desta maneira, dividiriam os lucros das extorsões. “Longe de funcionar como órgão legítimo de imprensa, atua como verdadeiro balcão para a intimidação e desmoralização de vítimas da quadrilha”, sustenta o MP.
Carone está preso desde o dia 20 de janeiro por ordem da juíza Maria Isabel Fleck.
“Afirma o parquet que há algum tempo, o requerido Marco Carone tem perpetrado diversos atos atentatórios ao próprio estado democrático de direito, ofendendo e encetando falsas acusações contra todos aqueles que se interponham aos objetivos da quadrilha”, disse a juíza no despacho que determinou a prisão.
Novo inquérito para apurar financiadores do site
O Ministério Público Estadual (MP) desconstruiu a tese da defesa de Marco Aurélio Carone de que ele sofria de doença grave, não podendo permanecer preso na penitenciária Nelson Hungria. Para a Promotoria, Carone pode ser medicado dentro do presídio. A tese foi acatada na última terça-feira (11) pela Justiça.
O Ministério Público irá, ainda nesta semana, abrir novo inquérito para descobrir quem financiava o site “Novojornal”. Até o momento, permanece misteriosa a origem dos recursos que mantêm o site. A Promotoria quer também a quebra dos sigilos telefônico, bancário e fiscal dos envolvidos com a quadrilha.