O governo está confiante no sucesso do leilão de concessão à iniciativa privada do Aeroporto de Confins, marcado para o próximo dia 22. Em entrevista a este jornal, publicada ontem, o governador Antonio Anastasia disse que conversou com a ministra-chefe da Casa Civil, Gleisi Hoffmann, e ela se mostrou empenhada para que haja concorrência no leilão.
Não é de hoje esse empenho de Gleisi. Ela vem derrubando, desde o início dos estudos para a concessão, exigências consideradas exóticas e que serviriam apenas para limitar o número de interessados. Entre elas, a de que o operador tivesse experiência na administração de aeroportos com movimentação de 35 milhões de passageiros por ano. O melhor é que haja uma concorrência aberta, ampla e igualitária para todos os interessados.
Ao que parece, na fase preparatória, ocorreu disputa de um grupo envolvendo, de um lado, grandes empreiteiras e o PMDB, partido do ministro Moreira Franco, da Secretaria da Aviação Civil; e do outro, a Casa Civil e os ministros Aloizio Mercadante e Fernando Pimentel. É possível que tenham saído vitoriosos estes últimos. No dia 6 de novembro, a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) anunciou as regras para o leilão. Uma diferença em relação aos leilões de Brasília, Guarulhos e Campinas, já realizados, é que se um consórcio for, inicialmente, o único a oferecer proposta para um dos aeroportos a serem leiloados no dia 22 – Confins e Galeão – ele poderá seguir, em viva-voz, na disputa pelo outro aeroporto. Nos leilões anteriores, o consórcio era declarado vencedor num aeroporto e eliminado no outro.
A verdade é que há grande interesse pelas concessões de aeroportos. Tanto que nos leilões de Brasília, Guarulhos e Campinas, houve ágio médio de quase 350% acima do preço mínimo estabelecido pela Anac. O que pode ocorrer é que, no caso de Confins, as empresas prefiram esperar outra mudança de regra, para tornar o leilão mais atrativo.
No entanto, a Odebrecht Transport confirmou, em nota enviada ao jornal, que está interessada tanto em Confins como no Galeão, tendo firmado parceria com uma empresa que opera em Cingapura o aeroporto de Changi, que movimenta 50 milhões de passageiros por ano. Outra interessada seria a concessionária de infraestrutura EcoRodovias que, com a operadora alemã Fraport, participou, mas não ganhou, do leilão do aeroporto de Guarulhos.
Apontado como interessado, o Grupo Andrade Gutierrez não se manifestou. Ele participou da obra de Confins, iniciada em 1979. E construiu o Aeroporto Internacional de Quito, no Equador, que administra desde 2005, em parceria com a operadora Quiport. E com a Aeris Costa Rica, ganhou a concorrência para administrar o principal aeroporto da Costa Rica. Não falta experiência a esse grupo que começou em Minas há 65 anos.