Pessimismo adversativo

Hoje em Dia
Publicado em 21/09/2013 às 07:39.Atualizado em 20/11/2021 às 12:37.
A América Latina Logística (ALL) investiu R$ 20 bilhões desde que assumiu concessões em 1997, no processo de privatização da Rede Ferroviária Federal, segundo seu presidente, Alexandre Santoro. Ele deu a informação anteontem, em Rondonópolis, no Mato Grosso, durante inauguração, com a presença da presidente Dilma Rousseff, de um ramal ferroviário de 260 quilômetros e de um terminal da ALL no maior complexo intermodal da América Latina. 
 
Nas duas obras, a ALL investiu cerca de R$ 880 milhões. Elas integram o maior corredor de exportação de grãos do Brasil, que vai do Mato Grosso ao porto de Santos. O ministro dos Transportes, César Borges, também presente em Rondonópolis, prometeu que a ferrovia Ferronorte, que está sendo construída com recursos públicos, ficará pronta no ano que vem. O complexo intermodal ocupa área de mais de 385 hectares, a 28 quilômetros do centro de Rondonópolis, e começa a operar com capacidade de carregamento de 120 vagões graneleiros a cada 3,5 horas. Vão se instalar no complexo outras 20 empresas – entre elas, a Brado Logística, uma subsidiária da ALL para o transporte de contêineres – que devem investir R$ 700 milhões nos próximos cinco anos. 
 
César Borges afirmou que, com a utilização do transporte ferroviário, o custo do frete pode ser reduzido em até 30%. O ministro destacou que, a partir de Rondonópolis, haverá acesso a portos do Nordeste, aliviando o porto de Santos. 
 
Nesse clima festivo e de muitas expectativas sobre os benefícios do transporte ferroviário para a economia brasileira, César Borges minimizou o fracasso do leilão de privatização de trecho da BR-262 entre Minas e Espírito Santo. E comemorou o sucesso da BR-050. Segundo ele, o deságio de 42% no preço do pedágio oferecido pelo consórcio vencedor “mostra que o governo está correto”. Mesmo? O governo não terá errado ao estabelecer, no edital do leilão, um teto muito alto para o pedágio? 
 
A presidente Dilma Rousseff parece admitir que o governo nem sempre é correto. Em Rondonópolis, ela declarou: “Não acho que o nosso governo seja perfeito, mas acho que tem um pessimismo adversativo”.
 
Será esse o tipo de pessimismo que teria levado quatro gigantes do petróleo – as americanas Chevron e Exxon e as britânicas BP e BG – a desistirem do leilão do pré-sal do campo de Libra? A Agência Nacional de Petróleo esperava 40 petrolíferas nesse leilão e só apareceram 11. Pode ter ocorrido excesso de otimismo. 
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