A Polícia Federal (PF) deflagrou nesta sexta-feira (18), a Operação Esculápio em 14 Estados para desbaratar um esquema de fraude no Exame Nacional de Revalidação de Diplomas Médicos Expedidos por Instituição de Educação Superior Estrangeira (Revalida). O plano, de acordo com a PF, fraudava certidões de cursos de medicina realizados em outros países, principalmente Bolívia. A maioria dos falsos médicos é brasileira, comprou o diploma nos países e apenas entre dois ou três são bolivianos.
O delegado Guilherme Torres, responsável pela operação, disse que, "a princípio, não tem como afirmar que os falsos médicos tenham tentado ingressar" no Programa Mais Médicos. Entretanto, Torres não descarta essa possibilidade. "O que se sabe é que existem médicos formados na Bolívia entrando na Justiça brasileira tentando entrar no Mais Médicos sem que tenham diploma revalidado", afirmou.
Torres disse que a operação é apenas o começo da investigação mais detalhada que começa a partir de agora. O envolvidos estão sendo interrogados. Ninguém foi preso. São cumpridos 41 mandados de busca e apreensão determinados pela 7ª Vara Criminal da Justiça Federal de Mato Grosso, em quatro cidades do Estado e no Acre, Alagoas, Amazonas, Bahia, Ceará, Maranhão, Mato Grosso do Sul, Paraná, Paraíba, Pernambuco, Rondônia, Rio Grande do Sul e São Paulo .
As apurações começaram após a Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT) ter suspeitado de 41 candidatos que se inscreveram para revalidar o diploma de medicina e que alegaram ter estudado em instituições da Bolívia. Depois de averiguação, a UFMT constatou que alguns nunca foram alunos das faculdades e em outros casos não haviam concluído o curso.
A PF afirmou acreditar que no esquema estão envolvidos empregados das universidades bolivianas. Esses funcionários forneciam documentos e o falso diploma que tinha a marca da instituição e detalhes específicos da universidade, para o esquema. Sobre o envolvimento de advogados brasileiros, Torres afirmou que, "a princípio, os advogados são inocentes e foram contratados sem que soubessem do esquema". De acordo com a assessoria da PF, dos investigados que se inscreveram no Revalida, 29 foram representados por cinco advogados ou despachantes, "que teriam sub-rogado outras pessoas para realizar a inscrição dos supostos médicos".