Um dos principais apoiadores da campanha da presidente Dilma Rousseff (PT) em Minas, o candidato ao governo pela Coligação “Minas Pra Você”, Fernando Pimentel (PT), afirmou, nessa terça-feira (02), que não há “vinculação direta” entre as eleições presidenciais e estaduais. “É claro que a presença dos candidatos à Presidência é boa, mostra a importância de Minas no cenário político, mas eles vem fazer campanha para a Presidência. Eu não acho que tem essa vinculação tão direta”, disse Pimentel.
“A campanha para governador acompanha fielmente a da presidente Dilma, mas o voto para governador independe do voto para presidente”, argumentou, on tem, durante agenda na Federação da Agricultura e Pecuária de Minas Gerais (Faemg). Nesta quarta-feira (03), a presidente e candidata à reeleição estará em BH para participar de uma feira de tecnologia no Expominas.
Na última segunda-feira, Pimentel havia dito que tem “bom relacionamento” com a ex-colega de partido Marina Silva (PSB), candidata ao Palácio do Planalto, e com o também postulante Aécio Neves (PSDB).
Propostas do setor
Na Faemg, Pimentel recebeu um documento com propostas do setor agropecuário do Estado para o plano de governo e criticou o sucateamento da Federação Rural Mineira (Ruralminas), a Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (Epamig), a Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater) e o Instituto Mineiro de Agropecuária (IMA).
De acordo com o candidato, é preciso rever o procedimento desses órgãos para incrementar o apoio ao produtor rural e integrar essas empresas e federações com as estruturas federais e universidades.
“Temos uma quantidade de órgãos e alguns se sobrepõem aos outros. Tenho dificuldade de entender, com certa experiência que tenho em gestão, como funcionam os órgãos nas áreas de Meio Ambiente e Agricultura em Minas. Alguns parecem Frankenstein”, disparou, referindo-se à falta de clareza das estruturas de governo no setor e de seus papéis.
Outro proposta feita pelo petista foi a desburocratização para se obter licenciamento ambiental no Estado. Segundo Pimentel, essa é a promessa que será “apresentada por todos”, mas, em seu caso, a ideia é autorizar que escritórios regionais do Instituto Estadual de Florestas (IEF) façam o licenciamento.
Sobre o crédito agrícola, Pimentel disse que vai criar um cartão de crédito para viabilizar a compra de suprimentos ou equipamentos ligados à cadeia produtiva. “Se é crédito, tem que ser acessível. Não pode falar que tem um crédito e não disponibilizar. Senão vira confisco, tirando um dinheiro que seria do pequeno agricultor”.
Faemg quer maior abertura do governo para diálogo com setor
O presidente da Federação da Agricultura e Pecuária de Minas Gerais (Faemg), Roberto Simões, fez um balanço positivo do evento, que é uma tradição da entidade. Para ele, os três principais concorrentes ao Governo de Minas - Tarcísio Delgado (PSB), Fernando Pimentel (PT) e Pimenta da Veiga (PSDB) - demonstraram conhecimento dos problemas do setor e têm propostas parecidas. “A maneira de ser de cada um que talvez seja diferente”, analisa.
Segundo Roberto Simões, a principal demanda é uma maior abertura do governo do Estado para o diálogo com o setor.
“O agronegócio é um dos setores mais importantes de Minas Gerais em geração de renda, emprego, Produto Interno Bruno (PIB). O que nós queremos é respeito e que nos ouçam antes de tomar medidas a nós destinadas. Deixem que a gente participe. Hoje, o espaço de interlocução não é tão grande”, diz.
No documento entregue pelo setor agropecuário aos candidatos estão as seguintes reivindicações: mais investimento no setor; fortalecimento do papel dos conselhos da área; incentivo à compensação ambiental ; mutirão para julgar processos administrativos em órgãos da Secretaria de Meio Ambiente; concessão de crédito de ICMS, entre outros.
Petista quer reduzir tarifa de energia na zona rural
O candidato do PT ao Palácio Tiradentes não poupou críticas à qualidade e ao preço do serviço prestado pela Companhia Energética de Minas Gerais (Cemig) às regiões rurais de Minas. Para Pimentel, a tarifa praticada no Estado, ainda que reduzida para os agricultores, é maior que a cobrada em São Paulo, por exemplo.
“Tínhamos uma excelente empresa de energia. O que eu escuto fortemente no interior do Estado é que o fornecimento hoje é muito pior do que era no passado. Eu acho que alguma razão deve haver, porque os produtores não estariam reclamando em vão”, argumentou.
Pimentel se comprometeu estudar uma possível redução a tarifa de luz para o produtor rural. “Do ponto de vista da qualidade, eu sei que é real, eu mesmo já fui testemunha de muitas interrupções de energia na zona rural sem nenhum fenômeno meteorológico que justificasse”, completou.
REINTEGRAÇÃO DE POSSE
Na ocasião, o candidato garantiu que irá montar um grupo de trabalho com a Faemg, o Poder Judiciário e as entidades ligadas ao meio ambiente para estudar os pedidos de reintegração de posse e resolver as ocupações de terra em Minas.
“Se for para coagir e fazer, nós não vamos conseguir. Os governadores anteriores não fizeram, porque é difícil. Temos que chegar lá e estudar, para achar a razoabilidade e ver as prioridades”.
Sobre a indenização dos produtores que tiveram suas terras cedidas ao Estado para unidades de conservação - cerca de 400 mil hectares - o petista disse que vai ver “o que dá para ser negociado”. “Na verdade, precisamos analisar. O Judiciário tem que estar junto”.