Pior que os outros: tombo do comércio em BH, na pandemia, é maior que o de Minas e o do país

Evaldo Magalhães
efonseca@hojeemdia.com.br
Publicado em 24/09/2020 às 20:34.Atualizado em 27/10/2021 às 04:38.
 (DUM)
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O “tombo” do comércio de Belo Horizonte, cidade que registrou, segundo representantes do setor, um dos períodos mais longos de restrições econômicas no país desde o final de março, em razão da pandemia da Covid-19, foi até pequeno perto do que se imaginava. No primeiro semestre, segundo pesquisa divulgada ontem pela Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL/BH), a queda média nas vendas ficou em 8,83% em relação ao mesmo intervalo do ano passado. 

Foi como se uma loja que tivesse faturado R$ 100 mil, entre janeiro e julho de 2019, reduzisse tal desempenho em apenas R$ 8,2 mil, no ano seguinte.

Fato é que alguns segmentos tiveram prejuízo bem maior que o geral, como as lojas de informática (-10%) e de vestuário e calçados (-9,10%). E outros até elevaram o faturamento, o que ajudou a segurar uma derrocada ainda pior no percentual médio dos comerciantes – caso dos supermercados (3,57% de aumento) e drogarias (0,52% de alta). 

Apesar disso, a capital fez feio tanto em relação ao país, que fechou as vendas do comércio no semestre em -6,2%, quanto ao Estado (-2,2%). “Comparativamente a Minas e ao Brasil, nosso desempenho, prejudicado por medidas radicais do governo municipal, foi uma vergonha”, diz o vice-presidente da CDL/BH, Marco Antônio Gaspar. 

O dirigente aponta, contudo, um outro fator que explicaria o balanço menos desastroso que o esperado: “Com o home office, muita gente passou a trabalhar em casa e a fazer compras nas lojas de bairro, que usaram la Internet e entregaram produtos em domicílio”, afirma ele. “Já a região Centro-Sul virou um cemitério e foi nela e nos centros comerciais que houve mais prejuízos”.

Reflexo da quarentena
Nem mesmo a maior concentração de fregueses nos bairros mitigou os prejuízos de Anderson Gomes, dono da Copiadora Replik. Ele relata que, logo no início da pandemia, as vendas despencaram. “Nas minhas três lojas, duas na região Norte e uma em Santa Luzia, o movimento caiu 70% porque parou tudo”, conta o empresário, que teve de demitir metade dos colaboradores. 

“Depois, foi voltando aos poucos, mas, com as faculdades e escolas, que representam meu maior público, ainda fechadas, estou vendendo 40% abaixo do normal”, completa.

Setores de informática, vestuário e calçados estão entre os mais atingidos por restrições 

As lojas de informática e de vestuário e calçados da capital viveram e continuam vivendo um pesadelo por causa da pandemia da Covid. Os dois setores estão entre os que mais perderam vendas não apenas no balanço semestral, mas também no anual, de julho de 2019 a julho de 2020, segundo a CDL/BH, com -2,41% e -6,28%, respectivamente. 

O ponto comum entre as razões apontadas por representantes de ambos os segmentos para o fiasco nas vendas, sobretudo entre março e julho, são as medidas de restrição impostas no município para tentar conter o avanço do novo coronavírus. 

“Foi tudo muito radical. E o impacto foi bem maior para nós, que atuamos na Savassi, do que para comerciantes de outros bairros”, queixa-se Carlos Moreira, dono da Urby Store, especializada em vestuário de marcas famosas. “Nas nossas cinco lojas, perdemos de 60% a 70% de faturamento”, acrescenta, lembrando que o setor ficou impedido de abrir as portas por mais de quatro meses.

Já para Aster Resende, dono da ByTech, que vende itens de tecnologia na região Centro-Sul, além do impedimento de atender clientes fisicamente, pesaram para o segmento outras questões, como queda geral na produção de equipamentos pela indústria, o que reduziu a oferta, e o dólar elevado, que salgou alguns preços. “Mas o que mais me chamou a atenção foi a prefeitura não ter entendido a informática como um serviço essencial, ainda mais com a quarentena e o home office nesse período”, critica. 

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