A decisão que o PMDB tomará na próxima terça-feira (29), de ficar ou não no governo Dilma, poderá influenciar e selar definitivamente o destino da presidente Dilma Rousseff (PT) e todos os cenários políticos próximos, por meio da votação do impeachment na Câmara dos Deputados. Se esse partido sai, outros aliados, como o PP, PTB e similares tendem a seguir igual caminho por terem a mesma vocação.
Com isso, o desembarque do principal parceiro do governo o deixará apenas com os votos do PT (59), do PCdoB (12) e de deputados avulsos (contra a orientação partidária).
Se o governo tem alguma chance, ela não está no Senado, onde há o número maior de aliados, mas na Câmara dos Deputados, onde acontece a primeira batalha do impeachment. Para vencer, precisa de só 172 dos 513 votos. Se perder entre os deputados federais, por votação qualificada, os senadores não terão como segurar o impeachment. Para dar entrada lá, são necessários apenas 41 dos 81 senadores, ou metade mais um, que estarão sob forte pressão de ambos os lados das ruas. Uma vez admitido o processo, a presidente é obrigada a se afastar por 180 dias para fazer a própria defesa, quando, então, assume o governo aquele que mais lucraria com o impedimento dela. Se Dilma terá amplo direito de defesa, por outro lado, perderá a poderosa caneta presidencial que seu vice, Michel Temer, usará, com intensidade, para alcançar seus objetivos, que, com certeza, não são os dela. Vence quem tiver 54 votos.
Prazos e algumas decisões
Ante o cenário de turbulências que poderá até mudar o presidente da República nos próximos dois meses, discutir a sucessão municipal do final do ano é como aquela “conversa pra boi dormir”. Ainda assim, alguns prazos precisam ser cumpridos como o do próximo sábado (2), quando termina o prazo para filiação partidária para quem vai disputar as eleições de outubro próximo.
Quem se filiar nesse dia poderá se candidatar, mas não tem a candidatura garantida, já que quem já está filiado também estará no páreo. Na dúvida, o secretário de Obras de Belo Horizonte, Josué Valadão, irá se filiar no PSB do prefeito da capital, Marcio Lacerda, na próxima quarta-feira, durante festa com estilo de ‘já ganhou’. Seu futuro, no entanto, deverá ser candidato a vice do tucano João Leite, caso não haja rompimento entre PSDB e PSB.
Sobram algumas dúvidas, como o destino de dois outros pré-candidatos a prefeito, o vice-prefeito Délio Malheiros (PV) e o presidente da Cenibra, Paulo Brant. Malheiros ensaia mudar-se para o PPS até o dia 2. Pelo mau resultado obtido no teste ‘diamante’, feito pelo prefeito para avaliar o desempenho dos pré-candidatos no vídeo, Brant tende a ficar onde está.
Amanhã ou terça, Lacerda e o senador Aécio Neves (presidente nacional do PSDB) voltam a se reunir para bater algum martelo possível na aliança de seus partidos.
Baixa no PT municipal
Três dias depois de ter se desfiliado do PT, o vereador Tarcísio Caixeta divulgou sua decisão, segundo ele, adotada contra os desvios históricos do partido e da incapacidade dos petistas em fazerem autocrítica ante os erros cometidos ao longo dos anos. Ele tem até o próximo sábado (2) para se filiar a outra legenda, caso tenha objetivo de disputar as eleições municipais de outubro.