O Brasil tem agora 32 partidos políticos, com a aprovação, há dois dias, pelo Tribunal Superior Eleitoral, do Partido Republicano da Ordem Social (Pros) e do Solidariedade (SDD). O primeiro foi montado por um ex-vereador goiano que negocia a entrada de 20 deputados no novo partido e acena com o ingresso na base partidária do governo Dilma Rousseff. O segundo nasce da liderança do fundador da Força Sindical Paulo Pereira da Silva, eleito deputado federal pelo PDT paulista. E que deve apoiar a candidatura de Aécio Neves à presidência da República.
Quem quiser se candidatar a um cargo eletivo no ano que vem necessita se filiar a algum partido até o próximo dia 5 de outubro. Dois dias antes, o TSE realiza sua última sessão para aprovação de novos partidos. A ex-senadora Marina Silva, que teve 20 milhões de votos em 2010 e quer ser novamente candidata a presidente da República, espera ainda que seja aprovado o partido que está fundando – o Rede Sustentabilidade.
Uma sociedade complexa como a brasileira apresenta grande diversidade de pensamento, mas essa diversidade, infelizmente, não tem sido representada pelos 30 partidos que disputaram as últimas eleições. Dificilmente algum deles defende posições políticas e ideológicas claras. A grande maioria não passa de um sistema organizado para usufruir de verbas públicas e para negociar, a cada eleição, apoio a esses ou a aqueles candidatos. E até mesmo para vender vagas a candidatos que, por sua vez, visam ao enriquecimento pessoal, se eleitos.
Não será diferente, provavelmente, com os dois novos partidos. Eles já nascem sob suspeita de fraudes no recolhimento de assinaturas de apoio. Por causa das denúncias, não houve unanimidade entre os sete ministros do TSE, na votação. O Pros foi aprovado por 5 a 2 e o SDD por 4 a 3. Os que votaram a favor acataram argumento do relator, ministro Henrique Neves, de que o prazo para o questionamento relativo a eventuais fraudes na coleta de assinaturas já havia expirado. E que a aprovação não impede que, futuramente, tais fraudes sejam investigadas e, os responsáveis, punidos.
Abrir mais essa brecha para que mal-intencionados criem partidos não favorece a democracia brasileira. Não bastasse, como mostrou ontem este jornal, que na Câmara dos Deputados e no Senado já existam 190 parlamentares condenados. Um número espantoso, sobretudo quando se sabe como é difícil a Justiça condenar um político neste país.