A reboque dos famosos para ganhar visibilidade

Patrícia Scofield/Hoje em Dia
21/07/2014 às 08:05.
Atualizado em 18/11/2021 às 03:27

(Editoria de Arte)

Os nomes da presidente Dilma Rousseff (PT), que tenta a reeleição, e do senador Aécio Neves (PSDB), que quer quebrar a hegemonia de quase 12 anos do PT no Planalto, não estão apenas nas disputas majoritárias deste ano.
Para atrair a atenção do eleitor e ganhar visibilidade, vários homônimos, incluindo aí Pimenta da Veiga (PSDB) e Fernando Pimentel (PT) na disputa mineira, lançaram suas candidaturas usando coincidências com políticos já bem conhecidos da maioria do eleitorado.
É o caso do candidato a deputado federal “Lula Defensor” (PSC), de Juiz de Fora, Zona da Mata, curiosamente casado com dona Marisa, mesmo nome da mulher do ex-presidente.
Em Betim, na Grande BH, o “Dr. Pimenta” (PCdoB) exalta o trabalho com Pimenta da Veiga, nos anos 90, na composição do secretariado da Prefeitura de BH.
Em Ribeirão das Neves, Também na Grande BH, o candidato “Aécio Di Neves” (PPS) foi batizado pela família com o mesmo nome do falecido pai do senador mineiro, Aécio da Cunha.
Veterano na política, Aécio Di Neves, na verdade Aécio Tadeu Ferreira Santos, já foi vereador em Ouro Branco e presidente da Câmara Municipal. Ele recebeu esse nome na época em que o pai dele era cabo eleitoral de Aécio da Cunha em Minas Novas e Capelinha. Aécio reconhece que seu nome de urna chama a atenção, mas diz que não passa de uma brincadeira. “Me mudei para Neves depois de ter tido cargo em Ouro Branco. Não tiro proveito do presidenciável Aécio, mas sei que não passa despercebido”.

Levantamento feito pelo Hoje em Dia no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) revelou que existem entre os candidatos em Minas dois “Aécios”, cinco “Pimentas” e dois “Lulas” – que não é candidato mas está ativo na política nacional. Em todo o país, estão em busca do voto um “Pimentel”, três “Dilmas” e dez “Lulas”.
-Artimanha gera curiosidade e piada, mas não significa obter mais votos
Apelido de infância, nome de certidão ou coincidência, os homônimos de Lula, Dilm[/LEAD]a, Aécio, Pimenta ou Pimentel adotam uma “estratégia amadora e condenável”, na avaliação do consultor em marketing político Adriano Mariano, do Instituto Machado Inteligência Política.

“Isso é eticamente condenável. É pouco provável que atraia votos para eles, porque é uma enganação. Eles não são os Lulas e Aécios, por exemplo, verdadeiros e acabam caindo na vala do humor, da caricatura, da piada”, afirma.
“É uma ilusão colar no nome do famoso, até porque já uma incompatibilidade do candidato a um cargo do Legislativo a um do Executivo. Não rende a eles mais tempo na TV, apenas exposição”, acrescenta.

Para Lula Antônio Barroso Rodrigues, o Lula Defensor (PSC), a associação com o nome dos ex-presidente não ajuda, mas ele acha graça ao revelar que se casou com uma Marisa, nome da esposa do petista.
“Essa é a coincidência maior, mas ela não é da política, é professora. Eu também sou, além de defensor público. Sou conhecido como Lula desde a minha infância no Nordeste”.
Já o Dr. Pimenta (PCdoB), oposição ao ‘chapão’ de Pimenta da Veiga na disputa deste ano, conta que nos anos 90 ajudou o ex-prefeito de BH na Regional Leste. Hoje, tem entre seus cabos eleitorais metalúrgi-cos de Betim.
“Se eu for para a porta de uma fábrica na minha cidade e disser que é o Pimenta que está fazendo campanha, eles vão me xingar. Mas se eu for em outras regiões de Betim, serei bem-vindo. Já vieram me dizer: Pimenta, te vi na TV com o Aécio”, brinca.

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