O presidente da Câmara, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), avaliou nesta segunda-feira como "sem fundamento" as declarações da ministra do Planejamento, Orçamento e Gestão, Miriam Belchior, de que a aprovação da proposta que estabelece o orçamento impositivo pode atingir a separação de Poderes entre governo e Congresso. "Não concordo com o argumento de que a autonomia dos Poderes pode ser afetada, acho exatamente o contrário", disse Alves ao Broadcast, serviço em tempo real da Agência Estado. "Vamos acabar com aquela necessidade de parlamentares mendigando junto ao governo por emendas. É meu dever acabar com isso e pretendo até o final deste mês trazer a proposta para o plenário. Não abro mão", acrescentou.
De acordo com ele, a discordância entre a administração federal e os deputados sobre a proposta não deve acirrar ainda mais o clima de insatisfação instaurado dentro da base aliada. "É hora de o governo ser parceiro. Estamos falando de uma ação conjunta de responsabilidade", afirmou.
A votação do projeto é parte de promessa de campanha de Alves para chegar ao comando da Câmara. No início de abril, o presidente da Câmara determinou a criação de uma comissão especial para discutir uma proposta de emenda à Constituição (PEC) que estabelece o orçamento impositivo para as alterações dos parlamentares. Hoje, a execução dos recursos provenientes dessas emendas é "autorizativo" - o Poder Executivo pode ou não aplicá-los. Uma das principais queixas dos congressistas é que, sem a execução das emendas, eles não conseguem levar obras e projetos aos Estados de origem que servirão de vitrine em ano de eleição.
As declarações de Miriam ocorreram na terça-feira, 27, em reunião na Comissão Mista do Orçamento do Congresso. "Podemos estar mexendo na separação entre os Poderes, mas esse é um debate que ainda está muito no início", disse, na ocasião. Segundo ela, hoje a maior parte do Orçamento (88,4%) está empenhada - com promessa de pagamento. "Somente o resto é discricionário. Parte do Orçamento já é impositiva. O perigo é gerar um engessamento maior e que não permita ajustes quando forem necessários', defendeu.
CPI
Alves também comentou a instalação da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Petrobras, que contou com o apoio da maioria da bancada do PMDB e de integrantes da base. O presidente da Casa defendeu como alternativa à instalação da CPI a realização de audiências públicas com integrantes da cúpula da Petrobras. "Vou esperar chegar a vez dela da CPI. Vou aguardar porque tem pelo menos 15 na frente. Mas, a princípio, discordo. Acredito que é melhor que se faça novas audiências com a presidente da Petrobras", afirmou.
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