O atual diretor de Abastecimento da Petrobras, José Carlos Cosenza, afirmou nesta quarta-feira (29), em depoimento à CPI mista da estatal no Congresso, que conversou com o ex-titular do cargo Paulo Roberto Costa por cinco vezes depois que Costa deixou a estatal, em 2012. Cosenza disse ter se reunido duas vezes com o ex-diretor e falado ao telefone em outras três ocasiões. Paulo Roberto Costa participou de um acordo de delação premiada na Justiça Federal do Paraná no qual confessou ter feito parte de um esquema de desvio de recursos e pagamento de propina a políticos envolvendo a Petrobras.
Cosenza disse que a primeira reunião ocorreu logo após ter assumido a Diretoria de Abastecimento, substituindo Costa. Segundo o atual diretor, a conversa girou em torno da "passagem de serviços". O segundo encontro ocorreu um tempo depois (Cosenza não precisou a data), para tratar de projetos de minirrefinarias. Ele negou que o ex-diretor tenha trazido as propostas pessoalmente. "Ele trouxe para a Petrobras, não para mim", afirmou, em resposta a questionamento feito pelo líder do PPS na Câmara, Rubens Bueno (PR).
Inicialmente, o diretor disse ao relator da CPI mista, deputado Marco Maia (PT-RS), não ter tido qualquer contato com Costa logo após ele ter deixado o cargo. Rubens Bueno ironizou a mudança de posição de Cosenza, que agora admite as conversas. "Ele foi alertado que está sob juramento", disse, ao lembrar que mentir em um depoimento numa CPI pode levá-lo a ser processado por crime de falso testemunho.
O atual diretor disse que nunca trocou e-mails com o ex-titular da área de abastecimento. Reafirmou que jamais se reuniu com o doleiro Alberto Youssef ou com o deputado Luiz Argôlo (SD-BA). Segundo reportagem do jornal O Estado de S. Paulo, a Polícia Federal interceptou, no curso da Operação Lava Jato, uma troca de mensagens entre os dois, em que ambos faziam menção a Consenza. Segundo a matéria, os dois planejavam um encontro entre o atual diretor e Youssef. A matéria ressalva que a PF não imputa "atos ilícitos" a Consenza, embora cite que o nome dele conste do relatório da PF feito para a operação.
"Deputado, me desculpe, eu nunca vi esta pessoa na minha frente (Luiz Argôlo), nem com o Alberto Youssef. Não tive com ele", respondeu Cosenza ao questionamento de Rubens Bueno.
O diretor disse que não conhece o atual tesoureiro do PT, João Vaccari. Há três semanas, Youssef e Costa prestaram depoimentos públicos à Justiça paranaense nos quais acusaram o tesoureiro do PT, João Vaccari, de ser o responsável por cobrar propinas de empreiteiras sob contratos da estatal. Em nota, Vaccari negou as acusações.