Assembleia Geral

Bolsonaro utiliza discurso na ONU para ressaltar a economia do país e atacar Lula

Jader Xavier*
@ojaderxavierjsbarbosa@hojeemdia.com.br
20/09/2022 às 14:25.
Atualizado em 20/09/2022 às 20:12
 (Reprodução / ONU)

(Reprodução / ONU)

Durante o discurso de abertura da Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU), em Nova York, nos Estados Unidos, nesta terça-feira (20), o presidente da República, Jair Bolsonaro (PL), afirmou que a economia do Brasil melhorou e atacou o ex-presidente e principal rival nas eleições deste ano, Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

Tradicionalmente, cabe ao presidente do Brasil fazer o discurso de abertura da Assembleia Geral. O presidente Bolsonaro subiu à tribuna da ONU e exaltou a economia brasileira sem citar números que continuam ruins na economia, como o desemprego em 9,3% da população - mais de 10 milhões de pessoas, segundo o IBGE - e uma inflação de 8,7% no ano, que continua muito acima da meta do Banco Central (3,5%) e contribui para deixar 33,1 milhões de pessoas passando fome no país, de acordo com levantamento da OxfamBrasil.

“A economia voltou a crescer. A pobreza aumentou em todo o mundo sob o impacto da pandemia. No Brasil, ela já começou a cair de forma acentuada. Os números falam por si só”, disse Bolsonaro durante o discurso. “Levamos adiante uma abrangente pauta de privatizações e concessões, com ênfase na infraestrutura”, destacou.

Como vem fazendo durante a campanha eleitoral, o presidente ressaltou a queda no preço dos combustíveis e da energia elétrica. “Quero ressaltar que o custo da energia não caiu por causa de tabelamento de preços ou qualquer outro tipo de intervenção estatal. Foi resultado de uma política de racionalização de impostos formulada e implementada com o apoio do Congresso Nacional”, disse.

Em junho, foi sancionada a lei que prevê a incidência, por uma única vez, do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) sobre combustíveis, inclusive importados, energia elétrica, comunicações e transportes coletivos.

A fala de Bolsonaro repercutiu nas redes sociais com muitos internautas questionando "que país é esse" que o presidente apresentou ao mundo. Dentre os candidatos à Presidência da República, apenas Ciro Gomes (PDT) comentou o discurso de Bolsonaro.

Ele chamou o presidente de "pinóquio decadente". "Bolsonaro bateu um recorde mundial: o presidente que mais mentiu no plenário das Nações Unidas. Se o ano passado tinha sido um vexame, dessa vez foi um horror", atacou o pedetista.

Lula

Jair Bolsonaro, sem citar nominalmente o nome de Lula, criticou diretamente o ex-presidente. Bolsonaro ligou o petista a desvios de bilhões de dólares da Petrobras.

“O responsável por isso foi condenado em três instâncias por unanimidade”, disse. “No meu governo, extirpamos a corrupção sistêmica que existia no país”, afimou.

Protesto

Horas antes do discurso de abertura, uma projeção de imagens foi feita na lateral do prédio da ONU. As imagens tinham o rosto do presidente e candidato à reeleição, Jair Bolsonaro, e palavras em inglês que o chamavam de “vergonha brasileira”.

A autoria do protesto é US Network for Democracy in Brazil (Rede nos Estados Unidos pela Democracia no Brasil). O grupo reúne pesquisadores acadêmicos e membros de movimentos ativistas.

(Reprodução / Redes sociais)

(Reprodução / Redes sociais)

Bolsonaro chegou a Nova York após passar por Londres, onde participou do funeral da rainha do Reino Unido Elizabeth II. Durante o final de semana na capital da Inglaterra, o presidente discursou para centenas de apoiadores.

O discurso foi feito pela janela da residência oficial da embaixada do Brasil em Londres. Nas proximidades do local, apoiadores se envolveram em confusão com jornalistas que cobriram a visita do presidente à Inglaterra e com pelo menos um inglês, que viralizou nas redes sociais enquanto pedia aos bolsonaristas respeito pelo luto que o país vive, devido à morte da rainha.

TSE

O Tribunal Superior Eleitoral (TSE), inclusive, proibiu o presidente Jair Bolsonaro de utilizar, na campanha eleitoral, as imagens do discurso em Londres.

O ministro e corregedor geral eleitoral, Benedito Gonçalves, considerou que “o uso da posição de Chefe de Estado e do imóvel da Embaixada para difundir pautas eleitorais” dá a Bolsonaro vantagem ilegal de acordo com a legislação eleitoral.

Benedito Gonçalves também determinou a retirada dos vídeos do discurso publicados nas redes sociais do filho do presidente, o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL).

*Com Agência Brasil

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