Busca por votos: campanha ainda "patina" na internet

Patrícia Scofield - Hoje em Dia
10/03/2014 às 07:51.
Atualizado em 20/11/2021 às 16:31

(Arquivo HD)

Em 2013, o Brasil ultrapassou a marca de 100 milhões de pessoas com acesso à internet, de acordo com estudo do Ibope Media. Desse montante, a maioria já tem o poder de voto, por serem jovens com idade igual ou superior aos 16 anos e buscam informações principalmente nas redes sociais. Apesar do número expressivo e do interesse dos principais partidos do país, como PT, PMDB, PSB e PSDB, por buscar votos também na rede, eles ainda não sabem como fazer isso de forma eficaz, segundo especialistas ouvidos pelo Hoje em Dia. 

De acordo com os comandos nacionais dessas legendas, a meta é atingir pelo menos 90 mil internautas nos próximos sete meses.

Para o cientista político e professor da PUC Minas, Malco Camargos, apesar de o pleito deste ano ser o terceiro com o uso de redes sociais como Facebook e Twitter, além dos blogs, a campanha virtual ainda não ultrapassou a militância dos partidos. O especialista considera a eleição de 2010, quando a ex-senadora Marina Silva levou a disputa pelo Planalto ao segundo turno com apoio expressivo de internautas, como a primeiro pleito em que a internet teve peso significativo.

“A ação na internet como um todo retro-alimenta aqueles que já têm uma predisposição para votar em um determinado candidato, é um ato endógeno. Ficam conectados apenas os militantes e contratados para fomentar o debate. Alimenta o discurso de quem já aderiu àquela campanha e alcança pouco o eleitor sem ativismo partidário”, afirma.

Levando-se em conta que o eleitorado brasileiro, de acordo com o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) foi de quase 140 milhões e 400 mil, o público da internet não deixa de despertar a atenção especial dos partidos para as eleições deste ano. Segundo o professor de marketing político da UFMG, Rodrigo Mendes, a internet ainda não superou o poder de influência da televisão, mas não deve ser ignorada pelos partidos.

“Na eleição proporcional, para deputados federais e estaduais, as redes sociais são mais interessantes para os candidatos do que a propaganda na TV, já que na tela o espaço é curto para debate, dividido entre a coligação e não permite que o candidato pareça muito”, diz.

Investimento 

Enquanto as Executivas nacionais do PT e do PSDB estimam investir R$ 12 milhões na atuação virtual este ano, PSB e os adeptos da aliança entre Eduardo Campos, governador de Pernambuco, e a ex-senadora Marina Silva, devem injetar R$ 8,5 milhões. Os valores do PMDB não foram informados.

Em Minas, os comandos dessas legendas também evitam falar em valores, mas garantem que vão usar os perfis de filiados e institucionais. No caso do PSDB, o presidente estadual, deputado federal Marcus Pestana, promete alimentar polêmicas na rede, se preciso.

“Poderemos até profissionalizar o esforço de pessoas, mas temos a militância que vai atuar individualmente. Vamos responder a tudo com firmeza, até polêmicas, mantendo o estilo de não agressão que adotamos hoje”, fala.

No campo do PSB, dirigentes alegam que o partido tem “estrutura modesta” e que vai manter “presença permanente” no Twitter e Facebook, mas não desenhou a estratégia para alcançar o resultado. “Cada candidato faz o seu contato com o eleitor, mas o partido vai ter presença junto ao internauta”, afirma o vice-presidente do PSB-MG, Mário Assad.

Web atrai partidos, mas TV ainda é o principal ‘puxador de votos’

Na avaliação do cientista político Malco Camargos, não se pode “supervalorizar” o papel da internet no período pré-eleitoral, já que, às vésperas do pleito, todos os candidatos ficam mais atuantes nos mais diversos canais de comunicação, não só na rede mundial de computadores.

“Mais perto das eleições, eles aumentam a participação em agendas públicas, na internet, em reuniões. E logo depois da votação, eles saem do meio virtual e de outros canais também. O importante é que o mesmo rigor usado para pedir votos seja adotado na prestação de contas”, afirma o professor.

Para o presidente estadual do PMDB, deputado federal Saraiva Felipe, a internet passou a ser prioridade para os candidatos, mas ainda não supera o peso da TV.

“A estrutura nacional especialmente voltada para rede social já foi montada e em Minas estamos nos adequando. Redes sociais estão crescendo o peso da internet na campanha, mas a TV ainda é o carro-chefe”, afirma. “Só que o que antes era uma preocupação agora tem que ser prioridade”, acrescenta Saraiva.

No ninho petista, a ideia é explorar os 700 diretórios do Estado e os perfis virtuais de vereadores e prefeitos para disseminar estratégias e alimentar debates para fortalecer a campanha do pré-candidato em Minas, Fernando Pimentel.

“Estamos montando esse aparato e apesar de a TV ter sua relevância, a internet está cada vez mais forte”, afirma o presidente e deputado federal Odair Cunha.  

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