O governador do Rio, Sérgio Cabral (PMDB), atribuiu a opositores políticos o início do confronto entre manifestantes e policiais militares do Batalhão de Choque nas imediações do Palácio Guanabara, sede do governo estadual, na noite da última quinta-feira (11), após as manifestações do Dia Nacional de Lutas.
"Qualquer ação de vandalismo não deve ser tida como fato normal. Não é assim que se faz oposição. Não é atacando as pessoas e o palácio que se faz oposição", disse o governador.
Quando foi indagado se considerava ser alvo de mais críticas do que outros governadores, Cabral insistiu: "Essa oposição que veio para cá não respeita o jogo democrático, não respeita o debate, não respeita o diálogo."
Sobre a violência da PM, cujas bombas de gás atingiram moradores e até o setor de emergência da Casa de Saúde Pinheiro Machado, onde manifestantes se refugiaram, Cabral limitou-se a dizer que "qualquer excesso, seja da polícia ou desses que vêm para cá atacar, deve ser repudiado".
A PM usou ainda um caminhão pipa com jatos de água e o blindado conhecido como Caveirão para dispersar manifestantes. Em nota, a corporação afirmou que "um grupo infiltrado entre os manifestantes arremessou um coquetel molotov em direção ao palácio e morteiros foram arremessados contra a tropa, que reagiu". Um policial foi ferido na cabeça por uma pedrada e um manifestante sofreu traumatismo craniano ao ser atingido por uma bala de borracha.
O governador conversou com repórteres após cerimônia no Palácio Guanabara. Ao deixar o local, o secretário de Direitos Humanos, Zaqueu Teixeira, não quis comentar a ação da PM na véspera. "Prefiro não avaliar a ação. Não tenho de pressupor nada. Nosso papel é cobrar apuração. Havendo excessos, que possam ser identificados."
O diretor executivo da Anistia Internacional no Brasil, Atila Roque, que estava no local, afirmou que "o vandalismo de alguns não pode ter como resposta o vandalismo policial".
Roque afirmou que a PM "pareceu atuar mais uma vez movida apenas pelo desejo de reprimir os manifestantes com uso absolutamente abusivo e desproporcional da força" e cobrou do governador e do secretário de Segurança, José Mariano Beltrame, que "interrompam o ciclo de violência".
"O comando precisa enviar uma clara mensagem de contenção para a tropa", disse Roque. "O que vimos foi a polícia perseguir manifestantes pelas ruas, encurralando grupos de pessoas que se afastavam dos protestos." O diretor da entidade disse que a depredação de patrimônio é "lamentável, mas não justifica a resposta desproporcional e generalizada da polícia". As informações são do jornal O Estado de S.Paulo.
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