Candidatos à Presidência participam de debate organizado pela CNBB

Fernando Dutra - Hoje em Dia
16/09/2014 às 22:07.
Atualizado em 18/11/2021 às 04:14
 (MARCOS BEZERRA/ESTADÃO CONTEÚDO)

(MARCOS BEZERRA/ESTADÃO CONTEÚDO)

Os candidatos a presidência da República participam na noite desta terça-feira (16) de mais um debate, desta vez promovido pela Confederação Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB). confirmaram a participação os três melhores colocados nas pesquisas, Dilma Rousseff (PT), Marina Silva (PSB) e Aécio Neves (PSDB). Além deles, estiveram presentes os candidatos Eduardo Jorge (PV), Luciana Genro (PSOL), Levy Fidelix (PRTB), pastor Everaldo (PSC) e Eymael (PSDC).

O debate foi dividido em cinco blocos e terá duração de duas horas. No primeiro bloco os candidatos responderão à pergunta única elaborada pela presidência da CNBB. No segundo bloco serão respondidas questões levantadas por bispos indicados pela CNBB. No terceiro bloco será a vez de jornalistas de mídias católicas fazerem perguntas aos candidatos. O quarto bloco será de perguntas e respostas feitas entre os candidatos. O quinto e último bloco será dedicado às considerações finais.



1º bloco - candidatos respondem pergunta única elaborada pela presidência da CNBB sobre reforma política.

Dilma Rousseff (PT): Precisamos de profunda reforma política baseada na participação popular por meio do plebiscito. Concordamos com ao fim do financiamento por empresas, quero o financiamento público de campanhas e o fim das coligações proporcionais. Temos de reformar os partidos. Não existe democracia sem partido, mas precisamos sempre testá-los, de dois em dois anos, com as eleições.

Marina Silva (PSB): A reforma está no nosso plano de governo e propõe atualizar o sistema político brasileiro. Hoje as instituições políticas não nos representam, como bem afirmam as manifestações de junho do ano passado. Defendemos o financiamento público de campanha.

Aécio Neves (PSDB): A reforma política é a mãe de todas as reformas. Minha proposta é que a reforma política anteceda outras reformas. Defendo o voto distrital misto e o fim da reeleição.

2º bloco - candidatos respondem perguntas de bispos indicados pela CNBB
 
Sobre a diminuição das desigualdades sociais:
 
Dilma Rousseff (PT): Meu compromisso é com a inclusão social e a redução da desigualdade. Hoje recebemos o relatório da ONU de que o Brasil saiu pela primeira vez do mapa da fome. Nós reduzimos o número de brasileiros subalimentados e isso foi possível pelo Bolsa-Família, pelo aumento do salário minimo, pela garantia de duas refeições diárias para as crianças.
 
Sobre o combate à violência e ao consumo de drogas na juventude:
 
Marina Silva (PSB): O programa de governo prevê o aumento ao acesso à educação de qualidade, à criação de ambiente favorável. Junto aos governos estaduais vamos combater a violência, juntos.
 
Sobre sobre analfabetismo:
 
Aécio Neves (PSDB): Em Minas tivemos o melhor resultado na educação básica do Brasil. Com qualificação e com metas claras a serem alcançadas conseguiremos melhorar muito a educação no país.

3º Bloco - candidatos respondem perguntas de jornalistas das mídias católicas
 
Sobre propostas na área da saúde:
 
Dilma Rousseff (PT): Depois de resolver a falta de médicos, que é extremamente grave, com o programa Mais Médicos, iremos fazer o Mais Especialidades, uma vez que as pessoas precisam ser atendidas por especialistas e precisam fazer exames, sem ter de esperar por muito tempo na fila.
 
Sobre saneamento básico:
 
Marina Silva (PSB): O problema é grave, a maioria das cidades não tem saneamento básico. Nosso compromisso é fazer com que as cidades possam ter saneamento básico, que possamos estabelecer parcerias com a iniciativa privada para estruturar os municípios.
 
Sobre a criminalização da homofobia:
 
Aécio Neves (PSDB): Qualquer tipo de discriminação deve ser considerada crime, inclusive a homofobia. Essa questão não depende exclusivamente do presidente da República. Precisamos definir se o texto atual da proposta de criminalização da homofobia é o adequado, mas defenderei sempre que qualquer tipo de discriminação seja considerada crime.
 
Sobre reforma tributária:
 
Luciana Genro: Minha proposta é inverter a lógica atual em que os pobres pagam os mesmos impostos que os ricos. O imposto sobre produtos e sobre salários é totalmente desigual. Defendemos que os bancos e as famílias mais ricas paguem mais impostos. As elites tremem quando o povo vai às ruas.

4º bloco - candidato pergunta para candidato

Marina Silva pergunta pra Eymael: Qual sua proposta para reforma agrária?

Eymael: Na Assembleia Constituinte participei da aprovação para que todos os pequenos produtores rurais não paguem impostos, isso beneficia milhões. Somos totalmente favoráveis à reforma agrária, mas desde que ela represente a redenção da agricultura familiar.

Marina: A constituição assegurou o acesso à terra pela reforma agrária, infelizmente no atual governo a reforma agrária ficou abandonada à própria sorte.

Eymael: Como presidente da republica a constituição será cumprida.

Eymael pergunta para Marina: Qual é o Brasil que temos?

Marina: O Brasil que temos conseguiu reconquistar a democracia, conseguimos um esforço para fazer a inclusão social, que está ameaçado pelo atual momento de corrupção. No Brasil que temos precisamos manter as conquistas, corrigir os erros e encarar novos desafios. No Brasil que queremos teremos justiça social, honestidade e a política a serviço do povo.

Eymael: O Brasil que temos não é livre, não é justo e não é solidário.

Marina: Dilma e Aécio ainda não apresentaram suas propostas.

Dilma pergunta para Levy Fidelix: Qual sua proposta sobre a independência do Banco Central

Levy: Nesse ponto sou da mesma opinião que a senhora. Sou a favor da autonomia do Banco Central, mas contra sua independência. O controle do Banco Central tem que ser do Estado.

Dilma: A independência do BC é um equívoco.

Levy: Os bancos querem mandar em tudo, serem independentes e coniventes com a situação que aí está.

Eduardo Jorge pergunta para Dilma: Vai levar adiante programa Brasil-Alemanha de usina nuclear?

Dilma: O acordo com a Alemanha já está totalmente ultrapassado. Hoje é fundamental a construção de energia elétrica e de energias limpas, como a eólica. No meu governo construimos 60GB a mais de energia. Isso permitiu que o governo enfrentasse uma das maiores secas sem racionamento. 76% da energia no Brasil é de fontes renováveis. Temos a matriz mais limpa do mundo. Não acho que a questão nuclear seja muito relevante no que se refere ao Brasil.

Eduardo Jorge: A matriz limpa está ficando cada vez mais suja. Angra 1 e Angra 2 são usinas com protocolos totalmente ultrapassadas.

Dilma: Um país como o Brasil não consegue se sustentar com energia solar. Consegue basicamente transformar em energia complementar. A grande fonte de energia do Brasil é pelas hidrelétricas. Se não tivéssemos construido usinas térmicas não teríamos como superar o racionamento.

Pastor Everaldo pergunta para Aécio: Dilma disse que não tinha a menor ideia do que acontecia na Petrobras, o que o senhor acha disso?

Aécio: O brasileiro está envergonhado com o que está acontecendo com nossa maior empresa. A atual presidente teve a oportunidade de se desculpar com os brasileiros, ela sempre deixou muito claro quem comandava a Petrobras. Agora um diretor da empresa afirma à Polícia Federal (PF). Quem não teve condições de administrar a Petrobras não pode administrar o país.

Pastor Everaldo: No mensalão 1 o ex-presidente disse que não sabia de nada. As pessoas foram presas e foram tratadas como heróis. Isso envergonha o nosso país. O ralo da corrupção tem que ser estancado.

Aécio: Os brasileiros, acho que se sentem representados pela minha. Estou aqui hoje, como candidato à presidência. Para encerrar um ciclo e começar outro

Dilma: Ao longo da minha vida sempre tive tolerância zero com corrupção. Na Petrobras quem investigou e descobriu todos os casos de corrupção foi um integrante do governo. nos fortalecemos a policia federal, criamos o portal da transparência. Nunca escolhemos engavetador da República. (direito de resposta para Aécio)

Aécio pergunta para Luciana Genro: Quais as propostas para educação?

Luciana: Aumentar os investimentos. Mas não posso deixar de comentar o seu debate com pastor Everaldo. Pois foi seu partido que implementou diversos casos de corrupção. O mensalão começou no governo do seu partido. Ainda tem a questão da reeleição. O senhor, Aécio, dizer de corrupção do PT é o "sujo" falando do "mal lavado".

Aécio: Lamento que não tenha apresentado propostas para a educação e tenha assumido o papel de auxiliar do PT.

Luciana: Linha auxiliar do PT "uma ova". O mensalão do PT foi iniciado no governo do PSDB. O senhor foi protagonista no escândalo do aeroporto. O senhor é tão fanático das privatizações que consegue privatizar um aeroporto e entregar as chaves para sua família.

5º bloco - considerações finais

Dilma Rousseff (PT): Quem vai ganhar as eleições é quem mudou o Brasil. Quem combateu a fome e a miséria nesse país. Hoje é um dia muito feliz pra mim e para o Brasil, saímos do mapa da fome. Sei que o fim da miséria é só o começo, temos pela frente um longo caminho a percorrer. Queremos ser um país que tenha valores e fundamentos éticos.

Marina Silva (PSB): Fizemos um programa de governo, e apresentamos à sociedade, em que defendemos o passe livre, antecipar as metas de escola em tempo integral, fazer com que a segurança pública seja também responsabilidade do governo federal. Quem vai ganhar as eleições é quem tem uma nova postura.

Aécio Neves (PSDB): Estamos preparados para apresentar ao Brasil um projeto que seja de todos os brasileiros. Temos outra candidata que tem boas intenções, mas não consegue superar suas contradições.
 

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