Com novo vale-alimentação, vereadores de BH podem almoçar 766 vezes no Restaurante Popular da Câmara
Projeto que concede o benefício foi aprovado nessa terça-feira (18) e deve entrar em vigor em 1º de abril

Aprovado nessa terça-feira (18), o Projeto de Lei (PL) que concede vale-alimentação aos 41 vereadores da Câmara Municipal de Belo Horizonte (CMBH) deve entrar em vigor em 1° de abril. O benefício, de R$ 2,3 mil por mês, tem sido criticado por moradores da capital que consideram o valor elevado. A título de comparação, o novo tíquete possibilitaria a cada parlamentar almoçar 766 vezes no Restaurante Popular, que funciona na própria CMBH. Alimentar-se no refeitório público custa R$ 3 - no dia em que o PL foi acatado, por exemplo, o cardápio tinha arroz, feijão, frango assado, moranga e salada de pepino, além de uma fruta como sobremesa.
Até então, os vereadores não tinham acesso ao benefício - que já é concedido a servidores da Casa, no valor atual de R$ 1.250 mensais. O texto aprovado agora também contempla esses trabalhadores, que passarão a receber o mesmo vale de R$ 2,3 mil - um reajuste de 89%. O salário de vereador em BH é de R$ 18 mil.
O pagamento do tíquete não é retroativo a janeiro, fevereiro e março. O benefício estará disponível em um cartão habilitado para uso em restaurantes, padarias, supermercados e outros estabelecimentos. Durante o recesso parlamentar, em janeiro, os vereadores também irão receber a "ajuda". O valor só não será disponibilizado nas férias dos parlamentares.
O Hoje em Dia apurou que outros representantes do Legislativo mineiro - deputados estaduais e federais - não recebem vale-alimentação. Procurado, o Senado não retornou à reportagem até essa publicação.
PL atende solicitação do sindicato que representa os servidores do Legislativo, diz CMBH
O projeto da CMBH é de autoria dos vereadores Professor Juliano Lopes (Podemos), Pablo Almeida (PL), Wagner Ferreira (PV) e Wanderley Porto (PRD), que compõem a Mesa Diretora.
Por meio de nota, a Câmara Municipal informou que o PL “promove o reajuste da remuneração e altera o valor e a metodologia de concessão do auxílio-alimentação, atendendo à solicitação do sindicato que representa os servidores do Legislativo".
Projeto foi aprovado por 37 vereadores
O projeto foi aprovado com 37 votos favoráveis e apenas três contrários - todos de parlamentares do Novo: Bráulio Lara, Fernanda Altoé e Marcela Trópia. Os vereadores do partido foram procurados, mas preferiram não conceder entrevista. A assessoria do parlamentar Bráulio Lara afirmou que a decisão contrária ao PL é uma diretriz da diretoria da legenda, que é contra qualquer tipo de pauta referente a aumentos salariais.
Em entrevista à TV Globo, após a aprovação do projeto, Bráulio Lara disse que "o certo é sempre a gente trazer uma correção inflacionária, esse vale-alimentação nunca foi pago aos vereadores”.
Quem também falou sobre o assunto foi Neném da Farmácia (Mobiliza). O parlamentar disse que os servidores "merecem" o aumento, mas alegou que votou "sem saber" que o benefício iria contemplar os vereadores.
“Nem sabia que chegava para os vereadores, achei que era somente para os servidores. Não é que eu não sabia direito, quando falaram que era um aumento para os servidores, eu não me atentei, com toda a sinceridade”, disse, também em entrevista à TV Globo.
População critica vereadores da capital
Nas redes sociais do Hoje em Dia, várias pessoas se manifestaram contrárias ao Projeto de Lei. Alguns lembraram o salário atual de R$ 18 mil dos vereadores. Outros se limitaram a escrever "misericórdia" para mostrar a indignação. Teve gente que citou até os parlamentares que votaram contra.
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