A Comissão de Ética da Assembleia Legislativa vai apurar suposta quebra de decoro por parte do deputado estadual Gustavo Perrella (SDD). A motivação para abertura do processo foi a nomeação do piloto particular do deputado, Rogério de Almeida Antunes, como servidor comissionado do Legislativo. O caso foi revelado em primeira mão pelo Hoje em Dia na edição de terça-feira.
De acordo com as atribuições da comissão previstas em regimento, o deputado pode ter o mandato cassado, caso seja configurada quebra de decoro. O caso também está sendo investigado pelo Ministério Público estadual. Gustavo Perrella pode responder na Justiça por improbidade administrativa.
O piloto está detido em Viana, Espírito Santo, por transportar 443 quilos de pasta base de cocaína no helicóptero de Perrella. A droga está avaliada em R$ 10 milhões, podendo chegar a R$ 500 milhões preparada para consumo.
“Assembleia Legislativa de Minas Gerais se dirige a todos os mineiros, dentro de seu compromisso com a ética, a transparência e a austeridade, para reafirmar que em hipótese alguma admite comportamento que não esteja de acordo com a seriedade e o decoro exigidos pelo Parlamento Mineiro”, registrou em nota.
A Casa Legislativa ainda determinou à sua procuradoria-geral que acompanhe junto à Polícia Federal o andamento das investigações.
Piloto particular
Após a publicação da matéria, a Casa exonerou o funcionário. Ele estava lotado na terceira secretaria da Mesa Diretora da Casa, do deputado Alencar da Silveira Júnior (PDT) desde março e recebia R$ 1,7 mil em vencimentos.
Em coletiva de imprensa realizada na segunda-feira, dia em que a operação foi divulgada, Perrella confirmou que o piloto prestava serviços particulares para ele e sua família e era contratado da empresa Limeira Agropecuária. Ele trabalhava há pouco mais de um ano com a família.
Quando o assunto foi revelado, o advogado Antônio Carlos de Almeida Castro disse que Antunes foi nomeado por ser de “confiança” do deputado. Ontem, ele não retornou às ligações para comentar a decisão da Assembleia.
Depoimentos
O deputado estadual Gustavo Perrella prestou depoimento ontem na Polícia Federal na condição de testemunha. O teor do depoimento não era conhecido até o fechamento desta matéria.
Além dele, os outros dois sócios da Limeira Agropecuária, a irmã Carolina e o primo André Almeida. O depoimento de Perrella aconteceu ontem na Superintendência da PF em Belo Horizonte.
Por ter foro privilegiado, Gustavo Perrella pode escolher data e local para depor.
Segundo o delegado da Polícia Federal responsável pelas investigações, Leonardo Damasceno, não há previsão para convocar outras pessoas.
O agente federal informou, ainda, que dentro de 30 dias deve sair o resultado da perícia realizada nos 11 celulares apreendidos, documentos, na aeronave e nos dois GPS que estavam de posse dos detidos.
Também ontem, Nicácio Tiradentes, advogado do contratado pelo pai do piloto Rogério Antunes, entrou ontem com pedido de liberdade provisória de seu cliente.