Com forte pressão do PT, os senadores que compõem a Comissão do Meio Ambiente, Defesa do Consumidor e Fiscalização e Controle (CMA) rejeitaram, no início da tarde desta terça-feira (12), um requerimento do senador Randolfe Rodrigues (PSol-AP) para convocar o publicitário Marcos Valério para prestar esclarecimentos ao Senado sobre suas declarações à Procuradoria-Geral da República (PGR) relativa ao Banco do Brasil.
Em dezembro, o jornal O Estado de S. Paulo revelou um depoimento de Valério à PGR, no qual ele disse que dirigentes do Banco do Brasil cobraram, desde 2003, uma espécie de "pedágio" das agências de publicidade contratadas pelo banco: 2% dos contratos eram repassados para o caixa do PT. Em dois anos, os repasses do Banco do Brasil às cinco agências de publicidade com quem mantinha contrato superaram R$ 400 milhões - uma delas era a DNA Propaganda, de propriedade de Valério.
O suposto esquema de desvio de dinheiro público que teria de ir para a publicidade foi criado por Henrique Pizzolato, ex-diretor do BB, e Ivan Guimarães, ex-presidente do Banco Popular do Brasil, que integra a estrutura do Banco do Brasil, de acordo com o depoimento de Valério.
Os três senadores do PT que compõem a comissão se colocaram prontamente contra ao requerimento. Para Jorge Viana (AC), esse assunto já está esgotado, uma vez que o Supremo Tribunal Federal (STF) já encerrou o julgamento do mensalão. "Teria sido importante para o País se ele tivesse contado a origem que ele montou, inclusive envolvendo partidos que governaram esse país antes da gente, mas que ainda está dependendo de um julgamento do Supremo", afirmou.
Aníbal Diniz (AC) disse que o convite a Valério para falar de seu depoimento à PGR, mesmo após a condenação dele no mensalão, não representa contribuição para o processo. "Em que podemos contribuir para um julgamento que já teve 53 sessões com todos os ministros? É chegada a hora de o Brasil seguir em frente. Se temos um processo eleitoral por acontecer em 2014, vamos tratar dele, mas sem expor nomes, como do ex-presidente Lula".
Lula
O temor dos senadores petistas com a presença de Valério na Casa deve-se ao contexto de sua fala na PGR. No mesmo depoimento em que tratou do BB, o publicitário também afirmou que Lula foi informado, em reunião no Palácio do Planalto, dos empréstimos nos bancos Rural e BMG para viabilizar o pagamento de propina a deputados da base governista e deu "OK".
Operador do mensalão, Valério afirmou ter sido ameaçado de morte por Paulo Okamotto, hoje diretor do Instituto de Lula. E disse ainda que os R$ 4 milhões pedidos por seus advogados foram pagos pelo PT. Segundo o publicitário, o pagamento foi "a contrapartida" pela participação dele no esquema.