Corregedoria da PF investigará policial que elaborou dossiê contra juiz Sérgio Moro

Estadão Conteúdo
06/03/2016 às 17:00.
Atualizado em 16/11/2021 às 01:42

O presidente do Sindicato dos Policias Federais no Distrito Federal, Flávio Werneck, que conforme a revista Veja levou um dossiê para o ministro da Casa Civil, Jaques Wagner, contendo informações contra o juiz Sérgio Moro e investigadores da operação "Lava Jato", é ligado ao PDT, partido aliado ao governo da presidente Dilma Rousseff. Em 2014, Werneck disputou mandato de deputado federal pela legenda, sem sucesso. O jornal "O Estado de S.Paulo" apurou que a Coordenação de Assuntos Internos da Corregedoria da PF deverá instaurar investigação para apurar sua conduta nesse episódio do dossiê.

Werneck já ocupou na gestão do governador Agnelo Queiroz (PT) o cargo de chefe da diretoria de assuntos estratégicos da corregedoria de saúde. O petista deixou o governo em 2014 em meio a vários escândalos de corrupção, inclusive na área da saúde.

Delegados da PF já identificaram nos seu quadros pessoas com a intenção de produzir dossiês contra investigadores que atuam na "Lava Jato", mas não tinham conhecimento do episódio envolvendo Werneck que também é vice-presidente da Federação Nacional dos Policiais Federais, que representa os agentes da PF. A Associação Nacional dos Delegados da Polícia Federal (ADPF) irá divulgar nota nesta segunda-feira (7), dando apoio aos trabalhos dos delegados que atuam na "Lava Jato" e cobrando explicações de Werneck. "A entidade que ele dirige não representa os delegados", diz a nota.

À revista Veja, Werneck justificou que apresentou o caso ao Planalto por se tratar de uma denúncia grave. "Temos um problema de anacromismo na investigação que já tem dois anos e vem pegando pontos-chave de empresas e do governo. Isso afeta diretamente a economia", disse, segundo registrou a revista. No dossiê, a acusação é de que Moro e os outros envolvidos na "Lava Jato" estão a serviço de um grande plano do PSDB para implodir o PT e o governo.

Segundo a Veja, o ministro Jaques Wagner disse que encaminharia o dossiê para um promotor baiano de sua confiança dar sequência ao assunto. Ao jornal "O Estado de S.Paulo", o ministro negou que tivesse recebido qualquer documento. "Desconheço e não me interessa conhecer." O jornal "O Estado de S.Paulo" não conseguiu localizar Werneck neste domingo (6). Na última semana, Wagner indicou o promotor Wellington Cesar Lima e Silva para o Ministério da Justiça no lugar de José Eduardo Cardozo. A nomeação foi cancelada por decisão da Justiça Federal no DF por ele ser promotor na Bahia.
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